Noto ser cada vez mais comum a prática da masturbação entre casados. Sei que para muitas pessoas a palavra “masturbação” tem o sentido de imoralidade, até mesmo porque a etimologia da palavra passa a idéia de sujar-se com as próprias mãos.

Poucas pessoas têm a coragem de falar que já praticaram ou praticam a masturbação, seja homem ou mulher. Há também muita divergência quanto às implicações dessa prática. Mas, normalmente a masturbação é o primeiro comportamento sexual para homens e mulheres. Até 18 anos de idade quase todas as pessoas passaram pela experiência da masturbação. Mas ninguém é anormal se nunca teve essa experiência, nem anormal se a teve. Há também muitos tabus quanto ao assunto. Mais pessoas praticam a masturbação do que se imagina. Então, não pense que você está entre os poucos que a conhecem.

Mas a grande questão é saber se a masturbação é ou não é pecado. Sei que para a maioria dos cristãos é um pecado, com certeza. Eu não radicalizaria quanto a isso. Cada pessoa tem de formar sua própria opinião. A Bíblia não fala desse assunto propriamente, então, por que tenho que emitir uma opinião generalizadora? Para excitar ainda mais o assunto menciono um texto bíblico: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer (masturbar-se), porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14.22-23).

Para alguns a masturbação é sempre nociva. Ela quase sempre é acompanhada de pensamentos cobiçosos que envolvem pessoas com as quais não se pode consumar um ato sexual aceitável. Mas nem sempre é assim. Outro dia recebi um e-mail anônimo de alguém que se masturba pensando na esposa. Geralmente o auto-erotismo não é bem visto entre os cristãos. Usa-se como base para combater essa prática a palavra de Jesus quando disse: “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.27-28). Para Jesus o adultério pode acontecer no coração (na mente), mesmo sem a consumação de uma relação sexual. Talvez tenha sido também por isso que Jó tenha dito: “Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?” (Jó 31.1). Vídeos pornográficos tão acessíveis na Internet, têm estimulado entre muitos a prática da masturbação. Isso deve ser evitado propositalmente.

Mas há também muita gente boa que entende que a masturbação é uma “dádiva de Deus”. Na adolescência e na vida de solteiro é preferível a masturbação à relação sexual. A masturbação, além de evitar uma relação sexual inapropriada, evita também as DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis. A polução noturna, a ejaculação involuntária que ocorre durante o sono, pode ser uma válvula de escape (Lv 15.16; Dt 23.9-11). Sei que não é a mais prazerosa experiência sexual. Mas, ser cristão é também viver satisfeito com desejos insatisfeitos. A atividade limitada da masturbação pode ser de fato um alívio para a tensão sexual, sem causar os danos supostos por tantos.

Comecei dizendo que a prática da masturbação entre os casados é algo que chama minha atenção. A primeira coisa que me vem a mente é, por que um homem casado (ou mulher) precisa se masturbar? Terem um ao outro não basta?

Pessoas casadas que se masturbam parecem ter problemas no relacionamento conjugal, uma espécie de distúrbio, infantilismo emocional. Uma possível solução para isso talvez esteja no modo como o sexo é praticado pelo casal. Talvez haja muito recato na intimidade dos dois. Por que não uma mútua entrega? (1Co 7.1-5). O homem tem prazer em possuir e a mulher tem prazer em ser possuída. O resguardo nesse momento não contribui com nada. Vale lembrar que o sexo começa antes de chegarem ao quarto.

Marido e mulher devem viver a intimidade sexual com plenitude. Quando marido ou esposa precisa recorrer à masturbação, é porque certamente ainda não descobriram as delícias do amor conjugal. O fato de ser cristão não deve nos inibir, pelo contrário, temos razões maiores para desfrutar do sexo. Leiam o livro bíblico de “Cântico dos Cânticos” como a celebração do amor conjugal e não como Cristo e a Igreja. A mulher crente precisa aprender com a mulher adúltera de Provérbios 6, exceto a traição. Muitas mulheres crentes se tornam tão pudicas com seus maridos, que eles acabam tendo mais prazer na masturbação. Talvez a causa seja outra, mas, o que digo, digo a todos.