Ser evangélico não é o mesmo que ser discípulo
por
Antonio Francisco
- 27 de jun. de 2010
Sou do tempo em que ser crente era coisa esquisita, era deixar a “verdadeira igreja” para fazer parte de uma seita. No tempo em que me converti a Jesus os crentes ainda eram conhecidos como protestantes, mas esse tempo já passou.
Jesus disse: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27). Note que ele disse: “não pode ser”. Hoje em dia as pessoas estão escolhendo o modo de ser discípulo, mas não é assim que funciona. A obediência é uma marca indispensável na vida de um discípulo de Jesus. É a evidência de que nosso arrependimento e nossa fé são reais. A obediência não é a condição para a salvação eterna, mas uma demonstração de que alguém recebeu e vive desde já essa salvação dada por Jesus. Sem obediência não há crença.
Um amor sem comparação. A primeira condição para o discipulado é um incomparável amor a Cristo. O amor do discípulo por Jesus deve ser tal que todos os outros amores são como ódio em comparação. No reino das afeições do discípulo ele não permite nenhum rival. O discípulo é um seguidor de Cristo, cujo amor por ele transcende a todo e qualquer amor terreno. Mas é isso que vemos hoje? Certamente que não. O amor dos evangélicos hoje é de acordo com a conveniência do momento. As músicas falam de um amor romântico por Jesus e não um amor que se sacrifica por Jesus.
As palavras de Jesus não deixam dúvidas quanto aos seus discípulos: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).
Como se não bastasse amar Jesus mais que os nossos queridos, ele falou de uma outra condição para o discipulado: “[...] e ainda a sua própria vida”. O amor do discípulo por Cristo deve ser maior do que o amor a si mesmo. Se o evangélico atual não estiver disposto a concordar com esta condição, as palavras são categóricas: “[...] não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26).
Levar a cruz dia a dia. O que a cruz significava para Jesus? Ele a assumiu voluntariamente e não como algo imposto sobre ele; a cruz envolveu sacrifício e sofrimento. A cruz envolveu Jesus em renúncias pelas quais ele pagou muito caro. Todos nós sabemos como Jesus encarou a sua cruz, e ele diz que devemos também tomar a nossa cruz cada dia. “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
A cruz é um caminho escolhido deliberadamente. É um caminho que, segundo o curso deste mundo, é alvo de desonra e crítica. Todo crente pode evitá-la, simplesmente se conformando com o mundo e seus caminhos. Carregar a cruz nem sempre é uma experiência desprovida de alegrias, pois o amor a Jesus nos dá condições de levá-la com prazer: “Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36). Se o discípulo reluta em submeter-se a esta segunda condição, Jesus diz: “[...] não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
Uma entrega incondicional. Jesus disse ainda: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
A primeira condição dada por Jesus tem a ver com as afeições do coração; a segunda, com a conduta no viver, e a terceira com os bens pessoais.
Das três, a terceira condição é provavelmente a mais indesejável de todas nestes tempos de cobiça e materialismo. Será que temos de tomar literalmente o que Jesus disse? Tudo mesmo? O que estava o Senhor realmente pedindo? Acho que ele não estava dizendo que devemos vender tudo o que temos e dar para a igreja, mas estava reivindicando o direito de dispor de todos os nossos bens.
Jesus testou um homem rico que lhe perguntou sobre a vida eterna. O homem preferiu ficar com seus bens. “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades” (Mt 19.21-22).
Tudo o que Jesus pede ao discípulo ele fez. Jesus não foi apenas um Mestre, ele viveu o que ensinou aos seus discípulos. 1) Ele amou ao máximo a seu Pai; 2) Ele carregou literalmente sua cruz e, 3) Ele renunciou a tudo o que tinha direito.
Fazendo um paralelo entre as condições dadas por Jesus para que alguém seja um discípulo dele e o modo como vivem os evangélicos hoje, fica claro que há uma diferença entre as duas partes. Senão, vejamos:
→ O evangélico espera pães e peixe; o discípulo é um pescador.
→ O evangélico luta por crescer; o discípulo luta por reproduzir-se.
→ O evangélico se ganha; o discípulo se faz.
→ O evangélico gosta do afago; o discípulo gosta do serviço e do sacrifício.
→ O evangélico entrega parte dos seus desejos; o discípulo entrega sua vida.
→ O evangélico guarda a palavra no coração, o discípulo leva esta palavra aos aflitos.
→ O evangélico espera a tarefa; o discípulo é solícito em tomar a iniciativa.
→ O evangélico quase sempre murmura e reclama; o discípulo obedece e nega a si mesmo.
→ O evangélico reclama que o visitem; o discípulo visita.
→ O evangélico conhece a Bíblia de capa a capa, o discípulo conhece e pratica o que sabe.
→ O evangélico pratica a caridade, o discípulo pratica o mais puro amor, o amor de Deus.
→ O evangélico sonha com a igreja ideal; o discípulo se entrega para fazer a igreja real.
→ O evangélico diz: Que bonito!; o discípulo diz: “Eis-me aqui”.
→ O evangélico mostra as pessoas para Deus, o discípulo mostra Deus às pessoas.
→ O evangélico espera por um avivamento na igreja; o discípulo é parte do avivamento.
→ O evangélico é condicionado pelas circunstâncias; o discípulo vive pela fé.
→ O evangélico vale porque soma; o discípulo vale porque multiplica.
→ O evangélico é importante; o discípulo é indispensável.
Esse é um tempo para cada um de nós de avaliarmos. O apóstolo Paulo escreveu: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2Co 13.5).
_______
< Voltar
Um amor sem comparação. A primeira condição para o discipulado é um incomparável amor a Cristo. O amor do discípulo por Jesus deve ser tal que todos os outros amores são como ódio em comparação. No reino das afeições do discípulo ele não permite nenhum rival. O discípulo é um seguidor de Cristo, cujo amor por ele transcende a todo e qualquer amor terreno. Mas é isso que vemos hoje? Certamente que não. O amor dos evangélicos hoje é de acordo com a conveniência do momento. As músicas falam de um amor romântico por Jesus e não um amor que se sacrifica por Jesus.
As palavras de Jesus não deixam dúvidas quanto aos seus discípulos: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).
Como se não bastasse amar Jesus mais que os nossos queridos, ele falou de uma outra condição para o discipulado: “[...] e ainda a sua própria vida”. O amor do discípulo por Cristo deve ser maior do que o amor a si mesmo. Se o evangélico atual não estiver disposto a concordar com esta condição, as palavras são categóricas: “[...] não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26).
Levar a cruz dia a dia. O que a cruz significava para Jesus? Ele a assumiu voluntariamente e não como algo imposto sobre ele; a cruz envolveu sacrifício e sofrimento. A cruz envolveu Jesus em renúncias pelas quais ele pagou muito caro. Todos nós sabemos como Jesus encarou a sua cruz, e ele diz que devemos também tomar a nossa cruz cada dia. “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
A cruz é um caminho escolhido deliberadamente. É um caminho que, segundo o curso deste mundo, é alvo de desonra e crítica. Todo crente pode evitá-la, simplesmente se conformando com o mundo e seus caminhos. Carregar a cruz nem sempre é uma experiência desprovida de alegrias, pois o amor a Jesus nos dá condições de levá-la com prazer: “Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36). Se o discípulo reluta em submeter-se a esta segunda condição, Jesus diz: “[...] não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
Uma entrega incondicional. Jesus disse ainda: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
A primeira condição dada por Jesus tem a ver com as afeições do coração; a segunda, com a conduta no viver, e a terceira com os bens pessoais.
Das três, a terceira condição é provavelmente a mais indesejável de todas nestes tempos de cobiça e materialismo. Será que temos de tomar literalmente o que Jesus disse? Tudo mesmo? O que estava o Senhor realmente pedindo? Acho que ele não estava dizendo que devemos vender tudo o que temos e dar para a igreja, mas estava reivindicando o direito de dispor de todos os nossos bens.
Jesus testou um homem rico que lhe perguntou sobre a vida eterna. O homem preferiu ficar com seus bens. “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades” (Mt 19.21-22).
Tudo o que Jesus pede ao discípulo ele fez. Jesus não foi apenas um Mestre, ele viveu o que ensinou aos seus discípulos. 1) Ele amou ao máximo a seu Pai; 2) Ele carregou literalmente sua cruz e, 3) Ele renunciou a tudo o que tinha direito.
Fazendo um paralelo entre as condições dadas por Jesus para que alguém seja um discípulo dele e o modo como vivem os evangélicos hoje, fica claro que há uma diferença entre as duas partes. Senão, vejamos:
→ O evangélico espera pães e peixe; o discípulo é um pescador.
→ O evangélico luta por crescer; o discípulo luta por reproduzir-se.
→ O evangélico se ganha; o discípulo se faz.
→ O evangélico gosta do afago; o discípulo gosta do serviço e do sacrifício.
→ O evangélico entrega parte dos seus desejos; o discípulo entrega sua vida.
→ O evangélico guarda a palavra no coração, o discípulo leva esta palavra aos aflitos.
→ O evangélico espera a tarefa; o discípulo é solícito em tomar a iniciativa.
→ O evangélico quase sempre murmura e reclama; o discípulo obedece e nega a si mesmo.
→ O evangélico reclama que o visitem; o discípulo visita.
→ O evangélico conhece a Bíblia de capa a capa, o discípulo conhece e pratica o que sabe.
→ O evangélico pratica a caridade, o discípulo pratica o mais puro amor, o amor de Deus.
→ O evangélico sonha com a igreja ideal; o discípulo se entrega para fazer a igreja real.
→ O evangélico diz: Que bonito!; o discípulo diz: “Eis-me aqui”.
→ O evangélico mostra as pessoas para Deus, o discípulo mostra Deus às pessoas.
→ O evangélico espera por um avivamento na igreja; o discípulo é parte do avivamento.
→ O evangélico é condicionado pelas circunstâncias; o discípulo vive pela fé.
→ O evangélico vale porque soma; o discípulo vale porque multiplica.
→ O evangélico é importante; o discípulo é indispensável.
Esse é um tempo para cada um de nós de avaliarmos. O apóstolo Paulo escreveu: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2Co 13.5).
_______
< Voltar
Deixe o seu comentário
Postar um comentário