“Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42.5).

Jó estava cheio de desgosto. Ele queria dar vazão às suas queixas e expressar a amargura de sua alma (Jó 10.1). Ele queria encontrar-se com Deus para pedir explicações sobre o que estava acontecendo (Jó 10.2). Dizia que Deus tinha prazer em oprimir a sua vida e em rejeitá-lo, mas apoiava o plano dos ímpios. Dizia que Deus não enxergava as coisas. Daí ele ser investigado sem nada poder fazer para se defender, mesmo não sendo culpado. Jó em seu sofrimento passou a ver Deus como se ele fosse um homem. Um homem mais forte que ele, mas um homem. Dizia que Deus o tinha feito apenas com intenção destruidora. Ele foi derramado como leite e coalhado como queijo.

Jó chegou a dizer que Deus havia sido bondoso com ele antes apenas para agora consumar seus intentos maus. Jó olhava para Deus como um leão que ficava de espreita contra ele. Ele sentia-se atacado por exércitos enviados por Deus. Mais uma vez desejou a morte. Chegou ao extremo de pedir que Deus se afastasse dele para que pudesse ter um instante de alegria antes de morrer (Jó 10.3-22). Ele falava tudo isso com a consciência de ser um inocente diante de Deus (Jó 34.5).

Mas Deus aparece. E quando isso acontece, Jó cala o bico e não dá um pio. É admirável como Deus não entrou na linha de raciocínio de Jó. Deus não se justificou. Deus respondeu a Jó do meio de uma tempestade, fazendo perguntas – setenta perguntas. A primeira pergunta foi: “Quem é esse que obscurece o meu conselho com palavras sem conhecimento?” (Jó 38.1-2). Deus continuou perguntando, mas Jó nada respondeu (Jó 38.3-40.2). Até que reconheceu sua indignidade (Jó 42.3-5). Mas Deus não pára aí (Jó 40.7-41.34). Finalmente Jó entrega os pontos e diz a Deus: “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Falei de coisas que eu não entendia” (Jó 42.1-6).

Precisamos nos conhecer como de fato somos, e conhecer a Deus como realmente ele é. O sofrimento é propício para isso.