O Ser Humano como Homem e Mulher
por
Antonio Francisco
- 1 de mai. de 2008
Por que Deus criou dois sexos? Podem homens e mulheres ser iguais, tendo porém papéis diferentes?
A criação do ser humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em (1) relações interpessoais harmoniosas, (2) igualdade em termos de pessoalidade e de importância e (3) diferença de papéis e autoridade.
A. RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS
Deus não criou os seres humanos como pessoas isoladas (Gn 2.18), criou-nos para termos unidade interpessoal de várias formas em todos os modos de sociedade humana. As relações interpessoais se aprofundam mais na família e na igreja. A unidade interpessoal entre o homem e a mulher, atinge a sua expressão máxima no casamento, quando os dois se tornam uma só carne (Gn 2.24). Esse relacionamento profundo retrata a relação entre Cristo e sua igreja (Ef 5.22-33).
A criação de duas pessoas distintas, homem e mulher, reflete em certo grau a pluralidade de pessoas dentro da Trindade (Gn 1.26). Assim como sempre houve comunhão entre os membros da Trindade (Jo 17.5, 24), também deve haver um compartilhamento mútuo entre os seres humanos.
B. IGUALDADE DE PESSOALIDADE E IMPORTÂNCIA
Assim como os membros da Trindade são iguais na sua importância e na sua plena existência como pessoas distintas, assim homem e mulher foram criados por Deus iguais em importância e pessoalidade (Gn 1.27; 5.1-2). Isso deve excluir todo sentimento de orgulho ou inferioridade entre homem e mulher.
Homem e mulher têm diferenças, mas também são interdependentes (1 Co 11.7, 11-12). Os dons espirituais são dados para homens e mulheres (At 2.17-18; 1 Co 12.7, 11). Homens e mulheres que crêem em Jesus são batizados (At 2.41). Isso é interessante porque na antiga aliança, o sinal da filiação (a circuncisão) ao povo de Deus, era dado somente aos homens. Na igreja não há diferença de posição ou de classes sociais entre homens e mulheres (Gl 3.27-28).
C. DIFERENÇAS DE PAPÉIS
1. A relação entre a Trindade e a liderança masculina no casamento. Na Trindade há igualdade de importância, pessoalidade e divindade por toda a eternidade. Mas não se pode negar que também sempre houve diferença de papéis entre os membros da Trindade.
A distinção de autoridade na Trindade e entre homem e mulher, pode ser resumida no seguinte versículo: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus” (1 Co 11.3). Homem e mulher são iguais em importância, mas têm papéis diferentes.
2. Indicações de papéis distintos antes da queda. As distinções entre os papéis masculinos e femininos faziam parte da criação original de Deus, não foram introduzidas depois da queda. Alguns acreditam que a mulher passou a ficar sujeita ao homem depois que Deus disse: “Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16). Mas Gênesis mostra várias indicações de diferenças de papéis entre Adão e Eva, mesmo antes do surgimento do pecado no mundo:
a) Adão foi criado primeiro, depois Eva. Por que o homem foi criado primeiro, e só depois de algum tempo Deus criou Eva? (Gn 2.7, 18-23). Nenhum outro casal entre os animais teve procedimento semelhante. Isso parece ter um propósito especial, compatível com o padrão da primogenitura, com a idéia de que o primogênito de cada geração de uma família humana detinha a liderança (Gn 25.27-34; 35.23; 38.27-30; 49.3-4; Dt 21.15-17; 1 Cr 5.1-2). Esse princípio encontra apoio no Novo Testamento (1 Tm 2.13).
b) Eva foi criada como auxiliadora de Adão. Deus fez Eva para Adão, não Adão para Eva (Gn 2.18). Paulo usou esse versículo para falar da diferença entre homens e mulheres no culto (1 Co 11.9).
c) Adão deu nome a Eva. Dar nome a alguém no pensamento do Antigo Testamento, indica autoridade sobre quem recebeu o nome. Adão deu nomes a todos os animais (Gn 2.19-20), e deu nome a Eva (Gn 2.23).
d) Deus chamou “homem” a raça humana, e não “mulher”. Chamar a raça humana de homem (Gn 5.2), sugere o papel de liderança do homem. É como o costume de a mulher tomar o último sobrenome do homem quando se casa: significando a liderança masculina dentro da família.
e) A serpente aproximou-se primeiro de Eva. É provável que Satanás ao aproximar-se primeiro de Eva, tentasse instituir um papel inverso ao incitar Eva a tomar a liderança na desobediência a Deus (Gn 3.1). Deus os abordava falando com Adão primeiro (Gn 2.15-17; 3.9). Paulo parece ter entendido essa inversão de papéis deles (1 Tm 2.14).
f) Deus falou primeiro a Adão depois da queda. Como antes do pecado (Gn 2.15-17), depois da queda Deus falou primeiro com o homem (Gn 3.9). Isso aconteceu antes de Deus falar: “ele a dominará” (Gn 3.16).
g) Adão, não Eva, representava a raça humana. Ainda que Eva tenha pecado primeiro (Gn 3.6), somos tidos como pecadores por causa do pecado de Adão (1 Co 15.22, 49; Rm 5.12-21).
h) A maldição distorceu os papéis sem alterá-los. Os papéis continuaram, mas a mulher teria dores no parto e o homem trabalharia na terra com espinhos (Gn 3.16, 18-19). O relacionamento entre o homem e a mulher, antes harmonioso, passaria a ser conflitante. A expressão: “Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16), indica que Eva teria o desejo ilegítimo de usurpar a autoridade do marido, e que Adão a dominaria como um monarca.
i) A redenção de Cristo reafirma a ordem da criação. O princípio da submissão da mulher ao seu marido e da autoridade do homem não é algo nocivo como fruto do pecado. Caso contrário, o Novo Testamento nos diria que em Cristo isso deveria acabar. Mas o que lemos na Bíblia para os cristãos, é: “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como convém a quem está no Senhor. Maridos, ame cada um a sua mulher e não a tratem com amargura” (Cl 3.18-19; Ef 5.22-33; Tt 2.5; 1 Pe 3.1-7). Devemos nos alegrar plenamente no modo como Deus nos fez.
3. Efésios 5.21-33 e a questão da submissão mútua. Muitos usam o texto de Efésios 5.21: “Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo”, para dizerem que a esposa não tem a singular responsabilidade de ser submissa a seu marido, pois tanto marido quanto esposa precisam ser atenciosos e amorosos um para com o outro. Mas esse não é o significado da palavra nesse texto, que implica uma relação de submissão à autoridade. Que devemos amar e ser atenciosos uns com os outros não resta dúvida. Mas não é esse o ensino de Efésios 5.21.
D. APLICAÇÃO NO CASAMENTO
O que temos considerado até aqui tem aplicação dentro do casamento, e também nos relacionamentos entre homens e mulheres em geral.
Os maridos não devem ser omissos na liderança do lar, nem as mulheres devem ser omissas em participar da vida em família. Os maridos não devem ser egoístas e ásperos com suas esposas, mas pelo contrário, devem amá-las e honrá-las. E as mulheres não devem ser rebeldes, mas submissas aos seus próprios maridos, alegrando-se nisso.
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Leitura sugerida: Teologia Sistemática de Wayne Grudem, capítulo 22
A criação do ser humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em (1) relações interpessoais harmoniosas, (2) igualdade em termos de pessoalidade e de importância e (3) diferença de papéis e autoridade.
A. RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS
Deus não criou os seres humanos como pessoas isoladas (Gn 2.18), criou-nos para termos unidade interpessoal de várias formas em todos os modos de sociedade humana. As relações interpessoais se aprofundam mais na família e na igreja. A unidade interpessoal entre o homem e a mulher, atinge a sua expressão máxima no casamento, quando os dois se tornam uma só carne (Gn 2.24). Esse relacionamento profundo retrata a relação entre Cristo e sua igreja (Ef 5.22-33).
A criação de duas pessoas distintas, homem e mulher, reflete em certo grau a pluralidade de pessoas dentro da Trindade (Gn 1.26). Assim como sempre houve comunhão entre os membros da Trindade (Jo 17.5, 24), também deve haver um compartilhamento mútuo entre os seres humanos.
B. IGUALDADE DE PESSOALIDADE E IMPORTÂNCIA
Assim como os membros da Trindade são iguais na sua importância e na sua plena existência como pessoas distintas, assim homem e mulher foram criados por Deus iguais em importância e pessoalidade (Gn 1.27; 5.1-2). Isso deve excluir todo sentimento de orgulho ou inferioridade entre homem e mulher.
Homem e mulher têm diferenças, mas também são interdependentes (1 Co 11.7, 11-12). Os dons espirituais são dados para homens e mulheres (At 2.17-18; 1 Co 12.7, 11). Homens e mulheres que crêem em Jesus são batizados (At 2.41). Isso é interessante porque na antiga aliança, o sinal da filiação (a circuncisão) ao povo de Deus, era dado somente aos homens. Na igreja não há diferença de posição ou de classes sociais entre homens e mulheres (Gl 3.27-28).
C. DIFERENÇAS DE PAPÉIS
1. A relação entre a Trindade e a liderança masculina no casamento. Na Trindade há igualdade de importância, pessoalidade e divindade por toda a eternidade. Mas não se pode negar que também sempre houve diferença de papéis entre os membros da Trindade.
A distinção de autoridade na Trindade e entre homem e mulher, pode ser resumida no seguinte versículo: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus” (1 Co 11.3). Homem e mulher são iguais em importância, mas têm papéis diferentes.
2. Indicações de papéis distintos antes da queda. As distinções entre os papéis masculinos e femininos faziam parte da criação original de Deus, não foram introduzidas depois da queda. Alguns acreditam que a mulher passou a ficar sujeita ao homem depois que Deus disse: “Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16). Mas Gênesis mostra várias indicações de diferenças de papéis entre Adão e Eva, mesmo antes do surgimento do pecado no mundo:
a) Adão foi criado primeiro, depois Eva. Por que o homem foi criado primeiro, e só depois de algum tempo Deus criou Eva? (Gn 2.7, 18-23). Nenhum outro casal entre os animais teve procedimento semelhante. Isso parece ter um propósito especial, compatível com o padrão da primogenitura, com a idéia de que o primogênito de cada geração de uma família humana detinha a liderança (Gn 25.27-34; 35.23; 38.27-30; 49.3-4; Dt 21.15-17; 1 Cr 5.1-2). Esse princípio encontra apoio no Novo Testamento (1 Tm 2.13).
b) Eva foi criada como auxiliadora de Adão. Deus fez Eva para Adão, não Adão para Eva (Gn 2.18). Paulo usou esse versículo para falar da diferença entre homens e mulheres no culto (1 Co 11.9).
c) Adão deu nome a Eva. Dar nome a alguém no pensamento do Antigo Testamento, indica autoridade sobre quem recebeu o nome. Adão deu nomes a todos os animais (Gn 2.19-20), e deu nome a Eva (Gn 2.23).
d) Deus chamou “homem” a raça humana, e não “mulher”. Chamar a raça humana de homem (Gn 5.2), sugere o papel de liderança do homem. É como o costume de a mulher tomar o último sobrenome do homem quando se casa: significando a liderança masculina dentro da família.
e) A serpente aproximou-se primeiro de Eva. É provável que Satanás ao aproximar-se primeiro de Eva, tentasse instituir um papel inverso ao incitar Eva a tomar a liderança na desobediência a Deus (Gn 3.1). Deus os abordava falando com Adão primeiro (Gn 2.15-17; 3.9). Paulo parece ter entendido essa inversão de papéis deles (1 Tm 2.14).
f) Deus falou primeiro a Adão depois da queda. Como antes do pecado (Gn 2.15-17), depois da queda Deus falou primeiro com o homem (Gn 3.9). Isso aconteceu antes de Deus falar: “ele a dominará” (Gn 3.16).
g) Adão, não Eva, representava a raça humana. Ainda que Eva tenha pecado primeiro (Gn 3.6), somos tidos como pecadores por causa do pecado de Adão (1 Co 15.22, 49; Rm 5.12-21).
h) A maldição distorceu os papéis sem alterá-los. Os papéis continuaram, mas a mulher teria dores no parto e o homem trabalharia na terra com espinhos (Gn 3.16, 18-19). O relacionamento entre o homem e a mulher, antes harmonioso, passaria a ser conflitante. A expressão: “Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16), indica que Eva teria o desejo ilegítimo de usurpar a autoridade do marido, e que Adão a dominaria como um monarca.
i) A redenção de Cristo reafirma a ordem da criação. O princípio da submissão da mulher ao seu marido e da autoridade do homem não é algo nocivo como fruto do pecado. Caso contrário, o Novo Testamento nos diria que em Cristo isso deveria acabar. Mas o que lemos na Bíblia para os cristãos, é: “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como convém a quem está no Senhor. Maridos, ame cada um a sua mulher e não a tratem com amargura” (Cl 3.18-19; Ef 5.22-33; Tt 2.5; 1 Pe 3.1-7). Devemos nos alegrar plenamente no modo como Deus nos fez.
3. Efésios 5.21-33 e a questão da submissão mútua. Muitos usam o texto de Efésios 5.21: “Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo”, para dizerem que a esposa não tem a singular responsabilidade de ser submissa a seu marido, pois tanto marido quanto esposa precisam ser atenciosos e amorosos um para com o outro. Mas esse não é o significado da palavra nesse texto, que implica uma relação de submissão à autoridade. Que devemos amar e ser atenciosos uns com os outros não resta dúvida. Mas não é esse o ensino de Efésios 5.21.
D. APLICAÇÃO NO CASAMENTO
O que temos considerado até aqui tem aplicação dentro do casamento, e também nos relacionamentos entre homens e mulheres em geral.
Os maridos não devem ser omissos na liderança do lar, nem as mulheres devem ser omissas em participar da vida em família. Os maridos não devem ser egoístas e ásperos com suas esposas, mas pelo contrário, devem amá-las e honrá-las. E as mulheres não devem ser rebeldes, mas submissas aos seus próprios maridos, alegrando-se nisso.
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Leitura sugerida: Teologia Sistemática de Wayne Grudem, capítulo 22
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