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Aprendendo a ser filho

“Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (Jo 15.15).

Você pode imaginar alguém criado num ambiente pastoral, membro do Clube Santo de Oxford, clérigo ordenado pela igreja anglicana, missionário no estrangeiro, pessoa de grande devoção e santidade pessoal, e mesmo assim chamar-se a si mesmo de “um quase cristão”? Essa pessoa foi João Wesley, que vivia apenas como um servo, até que aprendeu a viver como filho de Deus.

Na conhecida parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32), o filho mais velho ficou indignado com a recepção que o pai deu ao esbanjador filho caçula, e identificou-se como um escravo obediente a serviço de seu pai. Ele reclamou ao pai que nunca havia ganho um cabrito para festejar com seus amigos. Ao que o pai lhe disse: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu” (v. 31). Aquele filho tinha um perfil de servo e não sabia viver como um filho na casa do pai.

Jesus disse: “O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre” (Jo 8.35). Eu sempre achei muito estranho que a maioria dos membros de igrejas tem uma conduta de quem não pertence à família. Dependem do que fazem e não do que são diante de Deus. Um crente servo vive ansioso, mas um crente filho descansa no amor do pai. Há muita valorização aos cristãos habilidosos, mas o mais importante são os relacionamentos. A alegria e a segurança de um crente filho não dependem de circunstâncias; já um crente servo, confunde alegria espiritual com a produtividade do que faz para Deus. Viver como filho de Deus não nos conduz para o comodismo ou indisciplina. Pelo contrário, um filho de Deus deve viver motivado em agradar a Deus em tudo, fazendo o melhor em todas as coisas pelo poder de Deus. A diferença de um crente filho para um crente servo, é que o filho aceita ser salvo pela graça mediante a fé para praticar boas obras (Ef 2.8-10), enquanto o servo faz boas obras para ser aceito como filho.

O filho se alegra no que é; o servo se alegra no que faz. O filho tem segurança na filiação; o servo depende do desempenho.

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