A Doutrina de Satanás e os Demônios
por
Antonio Francisco
- 20 de mar. de 2008
Como disse o Dr. Berkouwer: "Não pode haver uma teologia saudável, sem uma demonologia correta".
Quando falamos dos anjos, naturalmente falamos de Satanás e dos demônios, pois são anjos maus que um dia foram criados bons mas que pecaram e se tornaram maus. Podemos definir os demônios como anjos maus que pecaram contra Deus e hoje continuamente praticam o mal no mundo.
A. A ORIGEM DOS DEMÔNIOS
Deus fez tudo muito bom (Gn 1.31). Até o final da criação não havia ainda demônios. Mas em Gênesis 3, vemos Satanás tentando Eva (Gn 3.1-5). Provavelmente entre Gênesis 1.31 e Gênesis 3.1-5 aconteceu a rebelião dos anjos.
Dois trechos do Novo Testamento falam claramente da queda dos anjos (2 Pe 2.4; Jd 6). Alguns estão presos, enquanto outros estão soltos. Eles são limitados mas têm grande influência nesse mundo.
É possível que o texto de Isaías 14.12-15 seja uma referência à queda de Satanás. O pecado do Diabo foi o orgulho, e tentativa de se igualar a Deus.
B. SATANÁS COMO CHEFE DOS DEMÔNIOS
A palavra hebraica “Satanás” significa “adversário”. Ele é mencionado em Jó 1.6-2.7. Ele se levantou contra Israel (1 Cr 21.1). Ele se opõe aos servos de Deus (Zc 3.1). Jesus repreendeu Satanás (Mt 4.10; Lc 10.18).
Satanás também é chamado de “Diabo” (caluniador) (Mt 4.1; 13.39; 25.41; Ap 12.9; 20.2), “serpente” Gn 3.1, 14; 2 Co 11.3; Ap 12.9; 20.2), Belzebu (Mt 10.25; 12.24, 27; Lc 11.15), “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11), “príncipe do poder do ar” (Ef 2.2) ou “maligno” (Mt 13.19); 1 Jo 2.13). Jesus repreendeu Satanás que se opôs a ele através de Pedro (Mt 16.23).
C. A ATIVIDADE DE SATANÁS E SEUS DEMÔNIOS
1. Satanás originou o pecado. Satanás pecou antes do ser humano (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). Ele é chamado de homicida desde o princípio e pai da mentira (Jo 8.44). Ele vive pecando desde o princípio (1 Jo 3.8). Esse princípio se refere ao começo do mundo e não ao começo da existência de Satanás, que antes era um anjo bom.
2. Os demônios se opõem a toda obra de Deus. Ele tentou Eva (Gn 3.1-6), tentou Jesus (Mt 4.1-11). Ele sempre usa como ferramentas a mentira e o engano (Jo 8.44; Ap 12.9). Ele cega as pessoas e as afasta de Deus (2 Co 4.4; Gl 4.8).
3. Os demônios são limitados pelo controle de Deus. A história de Jó ilustra isso (Jó 1.12; 2.6). Podemos resistir ao Diabo (Tg 4.7). Eles não conhecem o futuro. Os anjos bons não sabem tudo o que vai acontecer, menos os demônios (Mc 13.32).
4. Existem diferentes estágios das atividades dos demônios na história. Adorar falsos deuses é adorar os demônios (Dt 32.16-17; Sl 106.35-37; 1 Co 10.20; 1 Jo 5.19). O culto aos ídolos tinha práticas destrutivas, como sacrifícios de crianças (Sl 106.35-37), a autoflagelação (1 Rs 18.23; Dt 14.1) e a prostituição cultual (Dt 23.17; 1 Rs 14.24; Os 4.14). Cultuar demônios leva às práticas imorais e a autoflagelação. Devemos ter cuidado para não negarmos o que Deus criou para o nosso bem, seguindo doutrinas de demônios (1 Tm 4.1-3).
As pessoas admiravam o poder de Jesus sobre os demônios (Mc 1.27; Mt 12.28-29). Jesus deu autoridade aos Doze sobre os demônios e também aos setenta (Mt 10.8; Mc 3.15; Lc 10.17-18). Jesus estendeu seu poder para todos os crentes (At 8.7; 16.18; Tg 4.7; 1 Pe 5.8-9; 1 Jo 3.8).
5. No milênio. Nessa época, o poder de Satanás será ainda menor (Ap 20.1-3, 7-9).
6. No juízo final. Satanás receberá uma punição final (Ap 20.10).
D. NOSSA RELAÇÃO COM OS DEMÔMIOS
Ao contrário do que muitos pensam, os demônios continuam ativos neste mundo. Eles não fazem parte da categoria de superstição; eles são reais. É verdade que nem tudo, mas em grande parte o mal e o pecado vêm de Satanás. Diante das divisões e o incesto na igreja, Paulo não culpou o Diabo, mas responsabilizou a igreja de Corinto pelas mudanças necessárias (1 Co 1.10; 5.1-5; 6.1-8; 11.33, 28). É claro que quando surgirem as manifestações demoníacas, devemos orar e lutar contra (1 Co 12.10; 2 Co 10.3-6; Ef 6.12).
O Novo Testamento é convincente quanto à influência demoníaca no mundo e na vida dos cristãos (1 Co 10.20; 1 Tm 4.1-4; 2 Tm 2.24-26). Jesus disse que os judeus que se opunham a ele eram filhos do Diabo (Jo 8.44), pois o Diabo age muitas vezes por meio de pessoas (1 Jo 3.8), os filhos da desobediência (Ef 2.2). Nem tudo é atribuído ao Diabo, mas sua influência está em quase tudo. Somente Jesus podia dizer a respeito de Satanás: “Ele não tem nenhum direito sobre mim” (Jo 14.30). Quanto a nós, a Bíblia diz: “não dêem lugar ao Diabo” (Ef 4.27).
Uma pergunta comum é: “Será que um cristão pode ser possuído por um demônio?”. O Novo Testamento grego fala de gente que “tem demônio” (Mt 11.18; Lc 7.33; Jo 7.20; 8.44, 49, 52; 10.20). Mas isso não significa que um cristão seja possuído por demônios, “pois o pecado não os dominará” (Rm 6.14). Isso não quer dizer que o cristão não possa sofrer ataques malignos (Lc 4.2; 2 Co 12.7; Ef 6.12; Tg 4.7; 1 Pe 5.8). Vigiar é o que a Bíblia recomenda.
Como reconhecer a influência dos demônios? Muitas vezes a pessoa afetada pelos demônios exibe atitudes bizarras e violentas (Mc 1.23-24; 9.17-18, 20, 22; 5.2-5). Noutros casos, a influência do mal pode vir na forma de afirmação doutrinária falsa (1 Co 12.3), ou recusar confessar que Jesus veio em carne (1 Jo 4.2-3). Os opositores do evangelho são servos de Satanás (2 Co 11.13-15). Mas nem sempre é fácil reconhecer a influência demoníaca.
Jesus dá a todos os crentes a autoridade de repreender demônios e de ordenar que saiam (Lc 9.1; 10.17-19). Podemos usar dessa autoridade (At 8.7; 16.18; 2 Co 10.3-4). Existe uma luta contra o mal, mas podemos resistir ao Diabo (Ef 6.10-18; Tg 4.7). A base de nossa autoridade sobre os demônios é a obra de Cristo na cruz (Cl 2.15; Hb 2.14; Ap 12.11). Nossa filiação nos dá autoridade sobre o Diabo (Gl 3.26). Não devemos temer Satanás (1 Jo 4.4; 2 Tm 1.7). A vitória sobre Satanás nos traz alegria. Porém nossa maior alegria é pelo fato de sermos salvos em Cristo Jesus e sermos cidadãos do céu (Lc 10.20).
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