Paginas

Entre a cabeça e o coração

“O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” (1 Co 8.1).

Existe uma discrepância entre o que cremos, o que sentimos e o que vivemos. O problema não é doutrinário. A crença está correta, a fé é assumida, a confissão é feita, mas há uma distância muito grande entre ortodoxia e ortopraxia. Entre a cabeça e o coração existe um vácuo que ninguém quer assumir. Comparo isso com o tempo entre a cruz e o pentecoste. Quando Jesus morreu na cruz já havia uma crença formada e a obra da redenção estava sendo consumada (Jo 19.30), mas faltava vida, entusiasmo e poder. Naqueles quarenta dias os discípulos viviam de portas fechadas (Jo 20.19-29).

Onde estão os rios de água viva que Jesus prometeu quando viesse o Espírito Santo? (Jo 7.37-39). Não estou questionando o que ele prometeu, mas sim a falta de vivência cristã nessa dimensão. Temos muita informação, mas pouca convicção, muito conhecimento, mas pouco entusiasmo.

A Bíblia diz que “o conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” (1 Co 8.1). Não estou advogando contra o conhecimento, pois não acredito que Deus promova a ignorância. Devemos amar a Deus com todo o nosso entendimento e oferecer-lhe um culto racional (Mc 12.30; Rm 12.1). Não existe vantagem no zelo por Deus sem base no conhecimento (Rm 10.2). Então nada contra o bom conhecimento.

Mas, o conhecimento sem amor, e entendimento sem entusiasmo, não nos levam longe. A Bíblia diz: “Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor” (Rm 12.11). É preciso despertar e levantar-se para que Cristo resplandeça sobre nós (Ef 5.14). Quem dorme no cemitério pode ser confundido com os mortos.

Jesus censurou os judeus porque o conhecimento que tinham não era prático. Ele lhes disse: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras [...]; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (Jo 5.39-40). Precisamos juntar cabeça e coração, conhecimento e emoção. A vida com e para Deus é um todo do que somos e sabemos.

“[...] a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Co 3.6).

Deixe o seu comentário