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A igreja de portas abertas

Como tenho dito, portas fechadas não se referem apenas às portas propriamente ditas, mas também a bloqueios que nos impedem de viver como Deus quer. Jesus quer sua igreja de portas abertas, com livre acesso para Deus e para os homens.

1. A igreja de portas abertas tem sua base fora das portas. Jesus, o Senhor da Igreja, foi levado para o Gólgota (Mc 15.22), o lugar da crucificação que ficava fora da cidade. O altar do sacrifício pelos nossos pecados (a cruz), é diferente do altar do tabernáculo do Antigo Testamento. Jesus sofreu fora das portas da cidade, para nos santificar por meio de seu sangue (Hb 13.10-13). Jesus morreu em lugar público. Assim também devemos sair dentre as quatro paredes e ir para o meio da sociedade, deixando claro que nossas portas estão abertas.

2. A igreja de portas abertas começou fora do templo. Depois que Jesus foi levado às alturas (At 1.9), os discípulos voltaram do monte das Oliveiras que ficava entre Jerusalém e Betânia. Todos ficaram no mesmo lugar onde estavam hospedados, possivelmente em um aposento superior de uma casa chamado cenáculo (At 1.12-14). Quando se cumpriu a promessa de Jesus e veio o Espírito Santo no dia de Pentecoste, todos eles estavam assentados em casa (At 2.1-2). Acho interessante que a igreja nasceu numa casa e não no templo, mostrando assim a natureza que ela tem, de ser acessível e informal. A igreja nasceu para ser um movimento e não um monumento.

3. A igreja de portas abertas é dedicada. A igreja começou dedicada ao ensino da Palavra de Deus, à comunhão, e às orações (At 2.42). Os primeiros cristãos ouviam e eram excelentes examinadores dos ensinos sagrados, eles viviam juntos e davam a devida importância para a oração. Se hoje queremos ser uma igreja de portas abertas, precisamos priorizar a leitura, estudo e prática da Bíblia, precisamos cultivar relacionamentos saudáveis dentro e fora da igreja, e precisamos nos dedicar às orações públicas e particulares.

4. A igreja de portas abertas é reverente. Diz-nos a Bíblia que “todos estavam cheios de temor” (At 2.43). A vida cristã para aqueles primeiros cristãos era mais que um conceito, era uma experiência. Eles vivenciavam o que criam. Devemos viver a vida cristã com temor e tremor (Fp 2.12), pois temos recebido um Reino inabalável. Isso deve nos fazer ser agradecidos, adorando a Deus de uma maneira que lhe agrade, com reverência e temor, pois o nosso Deus é fogo consumidor! (Hb 12.28-29). O temor a Deus anda em baixa na igreja hoje. Precisamos parar e considerar esse aspecto da vida cristã.

5. A igreja de portas abertas experimenta o sobrenatural. “Muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos” (At 2.43). O temor e a reverência mencionados anteriormente, estão relacionados também com experiências sobrenaturais. A igreja não pode ser apenas uma instituição, o culto não deve ser um lugar de entretenimento, o ensino da Palavra não pode se limitar apenas a informações, como uma simples sala de aula. A igreja precisa experimentar e demonstrar para o mundo que o nosso Deus intervém e age hoje entre nós (1 Co 14.22-25).

6. A igreja de portas abertas vive em comunhão. Comunhão quer dizer ter tudoem comum. Assim viviam os cristãos primitivos (At 2.44, 46). A igreja não é contra o direito de propriedade de seus membros, mas o espírito cristão nos impulsiona a dar e repartir. Aqueles irmãos estavam juntos todos os dias. Não há comunhão sem presença, sem contato. Devemos tomar a iniciativa de procurar uns aos outros para nos encorajarmos, conhecermos e ajudarmos os que precisam com o que temos (Hb 10.24-25).

7. A igreja de portas abertas é solidária. A comunhão é irmã gêmea da solidariedade. Voluntariamente, movidos pelo amor a Deus e ao próximo, os irmãos vendiam o que possuíam, incluindo imóveis, para ajudar aqueles que necessitavam (At 2.45). Essa é a igreja de portas abertas que Jesus quer verem nós. Uma igreja que mostra compaixão e que faz diferença na realidade de cada dia, e não apenas uma igreja contemplativa onde cada um fica olhando para o próprio umbigo ou para as estrelas, mas que não percebe o irmão carente ao seu lado.

8. A igreja de portas abertas é alegre. Onde a igreja se reunia havia alegria. Era uma igreja que cantava e encantava. As pessoas que não pertenciam a igreja eram atraídas pelo espírito alegre que os contagiava (At 2.46-47). A Bíblia diz: “A alegria do Senhor os fortalecerá” (Ne 8.10). Agostinho dizia que quem canta ora duas vezes. Talvez ele já conhecesse o ditado: “Quem canta seus males espanta”. A alegria é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Alguns confundem reverência com sisudez. Às vezes uma gargalhada é a melhor maneira de mostrar fé em Deus.

9. A igreja de portas abertas é grata. Louvar a Deus é agradecer suas bênçãos em nossas vidas. É próprio da igreja louvar a Deus (At 2.47). Devemos ser agradecidos e louvar a Deus sempre (Cl 3.15; 1 Ts 5.18). Deus é contra a murmuração (Fp 2.14; 1 Pe 4.9). A igreja de portas abertas deve ser uma igreja grata a Deus, reconhecendo sua direção e controle sobre todas as coisas. Quando não agradecemos, estamos ignorando o bom governo de Deus em nossas vidas, na vida de outros e nas circunstâncias adversas. Gratidão sempre.

10. A igreja de portas abertas é crescente. Uma das maiores preocupações da igreja moderna é o crescimento numérico de seus membros. As tentativas demonstradas em estruturas, metodologias variadas, não têm sido suficientes. A igreja cresce quando tem saúde, assim como uma criança saudável cresce naturalmente. Não é por acaso que somente depois de alistar várias qualidades da igreja primitiva, é que se diz que o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos (At 2.47). Uma igreja de portas abertas cresce.

Conclusão. A igreja precisa abrir suas portas e ser acessível como Jesus. Deus abriu as portas do céu em Jesus (Mt 7.13-14; Jo 10.9) e devemos nos abrir, eliminando as portas que temos fechado ao longo do tempo.

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