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Derramar o próprio sangue

“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o próprio sangue” (Hb 12.4).

Nunca foi fácil viver o padrão do evangelho, pois aquilo que o contraria é muito forte e permeia todos os lados da nossa convivência. Na verdade, o que se opõe a nós na prática da santidade vem de dentro e de fora, do visível e do invisível. Por isso, é necessária uma determinação radical da nossa parte contra o pecado.

Os leitores da carta aos Hebreus, desde o início da vida cristã haviam sofrido muita luta e muito sofrimento. Foram insultados e atribulados, tiveram seus bens confiscados, e sofreram também em solidariedade a outros (Hb 10.32-34). Mas com todo esse zelo em prol da vida com Jesus, ainda não tinham chegado ao extremo de derramarem o próprio sangue para se manterem fiéis aos princípios cristãos.

Tomando como base o texto supra citado, quero dissertar sobre nossa relação com o pecado do ponto de vista bíblico que é como devemos considerar o problema do pecado em nossas vidas. Não podemos negar que todos somos pecadores (Rm 3.23), que dizer não ter pecado é um engano (1 Jo 1.8). Como disse Lutero, “o pecado original está em nós como a barba. Barbeamo-nos hoje, parecemos apresentáveis e nosso rosto está limpo; amanhã nossa barba cresce de novo, e não pára de crescer enquanto permanecemos na terra”.

1. Devemos lutar contra o pecado. Na luta contra o pecado devemos ter um ferrenho e obstinado posicionamento de não ceder ao pecado. Como o bicho na goiaba, ele está dentro dos nossos desejos. Ele nos deixa furiosos, mudando nossa aparência. Podemos ficar do lado do bem, mas ele nos espreita como uma fera pronta para o bote. Ele quer nos conquistar, mas devemos dominá-lo (Gn 4.7). A única maneira de vencer o pecado é estar totalmente revestidos do Senhor Jesus, para que assim não cedamos aos desejos da carne (Rm 13.14). Essa luta é tamanha, que Jesus usou a linguagem hiperbólica da amputação para referir-se a abstinência ao pecado (Mc 9.42-48). Essa luta não acabará jamais. A Bíblia diz que a carne é inimiga de Deus, não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo (Rm 8.7). Então, saber que essa luta não acaba por mais que nos consagremos, contribui para nos mantermos alertas e sempre conscientes de que essa é uma luta sem trégua.

2. Devemos resistir ao pecado. Resistir ao pecado é outra expressão para lutar contra o pecado. Só que a palavra resistir me parece mais contundente. Devemos resistir ao pecado mantendo-nos firmes, sem sucumbir nem ceder jamais. Além da carne (nossa natureza pecaminosa) que é propensa ao pecado (Tg 1.14-15), o Diabo é um grande agente do pecado. Devemos resisti-lo. Assim fazendo, contamos com a promessa de Deus de que ele fugirá de nós (Tg 4.7). A maneira mais segura para resistir ao Diabo é vestindo-se de toda a armadura de Deus. Quando o dia mau chegar, se estivermos de posse das armas de Deus, não só resistiremos ao Diabo, mas permaneceremos inabaláveis (Ef 6.10-20). O mundo (sistema pecaminoso com o qual convivemos), também nos induz ao pecado, pois ele mesmo está todo sob o poder do Maligno (1 Jo 5.19). Resistir ao pecado também significa fugir dele (1 Co 6.18; 1 Ts 4.3).

3. Devemos ir até às últimas conseqüências. O que me motivou a escrever esse artigo sobre o pecado foi a expressão de Hebreus 12.4, de que na luta contra o pecado os irmãos hebreus ainda não tinham chegado ao ponto de derramar o próprio sangue. Não é que eles tivessem que derramar sangue, mas, se necessário fosse, que eles não cedessem. Quando olho para a Bíblia e leio que devemos fazer morrer tudo o que pertence a nossa natureza terrena (Cl 3.5), e segue o texto citando marcas dessa natureza; quando leio que devemos nos considerar mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus (Rm 6.13), fico perplexo do quanto temos aceito o pecado com facilidade. Fico triste pela freqüência com que cedo aos desejos carnais, quando a Bíblia me diz que as tentações que enfrento são as mesmas que todos enfrentam, e que Deus é fiel, não permitindo que eu seja tentado além do que posso suportar, pois ele sempre providencia o escape para que eu não peque (1 Co 10.13). Mesmo assim, tenho pecado e não tenho resistido devidamente sempre. Ajuda-me, Senhor!

Somente Deus pode nos dar vitória contra o pecado pelo poder do Espírito Santo. E isso ele jamais nos negará. Não devemos pecar. Devemos nos despertar de maneira renovada na força do Senhor Jesus Cristo para guerrear permanentemente contra o pecado. Mas, se pecarmos, não devemos deixar que o acusador (o Diabo) nos massacre com o sentimento de culpa. Devemos nos levantar, confessar os pecados para Deus (1 Jo 1.9) e prosseguirmos, pois temos em Jesus o Advogado que tomou a nossa causa na cruz e vive sempre para interceder por nós (1 Jo 2.1-2; Hb 7.25).

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