Davi estava em Jerusalém e seu exército na guerra. Uma tarde ele levantou-se e passeava pelo terraço. Dali viu uma mulher banhando. Mandou trazê-la e a engravidou. A sua vida nunca mais foi a mesma.

O tempo passou, mas o pecado não passou, porque “os velhos pecados têm grandes sombras” (Agatha Christie). Davi tentou de tudo ao seu modo para livrar-se daquela culpa, até mesmo cometendo outros pecados, pois um abismo chama outro abismo (Sl 42.7), ao ponto de provocar a morte da mulher que ele havia engravidado, mas nada funcionou ao seu favor. Uma coisa que não deveríamos esquecer jamais, é que o prazer do pecado diminui e acaba à medida que o cometemos, de modo que, ao consumá-lo, só nos resta tristeza e graves consequências. Os frutos do pecado não amadurecem.

O que Davi fez foi mau aos olhos do Senhor (2Sm 11.27), que enviou o profeta Natã para falar com ele. Ao chegar a Davi, Natã contou-lhe de um homem rico que ao receber em casa um viajante, não quis matar ovelha ou gado do seu rebanho para servir ao hóspede. Pelo contrário, ele tomou a cordeirinha de um homem pobre e a preparou como refeição para o homem que estava em sua casa. Ao ouvir essa história Davi ficou furioso contra o homem rico e disse que ele deveria ser morto, além de restituir quatro vezes pela cordeirinha do homem pobre. Qual não foi sua surpresa quando Natã lhe disse: “Tu és o homem” (2Sm 12.7).

Deus havia abençoado Davi em todos os sentidos. Ele foi ungido como rei de Israel, Deus o livrou das mãos de Saul e lhe deu tudo o que um rei poderia desejar. Agora Davi teria de sofrer as consequências de seu pecado; a violência e a imoralidade atingiriam sua casa, e aquilo que ele tanto tentou esconder, agora seria exposto a todos. Deus lhe preservou a vida, pois o pecado de adultério era punido com morte no Antigo Testamento, mas a criança gerada naquela relação morreu. Os capítulos 11 e 12 de 2Samuel relatam essa história.

A Bíblia diz: “não pequeis” (1Jo 2.1). Mas, se pecarmos, não devemos esperar a visita de Natã. Não compensa conviver com o pecado. Davi mesmo admitiu que enquanto calou os seus pecados, os seus ossos envelheceram e gemia constantemente todo dia. Ele sentia a mão de Deus pesar sobre ele o tempo todo. Ele perdeu todo o ânimo. Mas um dia ele confessou o seu pecado e Deus lhe perdoou (Ver Salmos 32). Davi pediu misericórdia a Deus, pediu para que Deus o lavasse e o purificasse. Ele reconheceu seu pecado, admitindo que o pecado não saia de sua mente. Reconheceu que antes de tudo ele havia pecado contra Deus, de maneira que Deus seria justo em julgá-lo. Reconheceu ser um pecador por natureza, pediu a Deus que lhe devolvesse a alegria que tinha perdido. Deus lhe atendeu, pois o Senhor não rejeita um coração quebrantado (Ver Salmos 51).

A experiência de Davi nos mostra que o pecado não compensa nunca. Se não podemos fugir de nossa consciência culpada, impossível é fugir da presença de Deus. Esse é o momento oportuno de abandonarmos nossos pecados. A Bíblia diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13). E mais: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29.1). Não precisamos esperar a visita de Natã. Agora mesmo, “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).
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