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A Santidade faz toda a diferença

Ontem a noite quando fui para o púlpito da igreja que pastoreio (Igreja Cristã Evangélica Reencontro), pensei em pregar meia hora, mas acabei falando por uma hora e meia. Estou pregando uma série de mensagens chamada “Retorno à Santidade”. Se as mensagens não estivessem sendo boas para mais ninguém, certamente está sendo uma bênção para mim. Estou sendo impactado com o poder da Palavra de Deus nesses dias, pois ela é viva e eficaz (Hb 4.12).

Preguei ontem sobre “pecados de atitude”. Muitas vezes confundimos o que não aprovamos, com a vontade de Deus. Nem tudo que condeno, Deus condena necessariamente. O que quero dizer é que pecado não é o que condeno, mas o que Deus condena. Pecado é tudo que contraria a santidade e a vontade de Deus. Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, atitude é “comportamento ditado por disposição interior; maneira de agir em relação a pessoa, objeto, situação etc.; maneira, conduta…”

Quando Deus olha para nós, Ele não vê apenas nossas ações, mas também nossas atitudes. Nós só conseguimos ver o exterior, mas Deus vê o coração. Nesse sentido, falei na mensagem o seguinte:

1. Para evitar o pecado, você precisa amar a Deus fervorosamente. A Bíblia diz que “Se alguém não ama o Senhor, seja amaldiçoado. Vem, Senhor” (1 Co 16.22). Não amar ao Senhor Jesus Cristo fervorosamente é inconcebível sem que haja conseqüências gravíssimas para tais pessoas. Ele é todo digno de nosso amor, não qualquer amor, mas um amor “incorruptível”, que não se deteriora; imputrescível, inalterável, inatacável. Por ser uma igreja morna, Laodicéia provocava náuseas no Senhor Jesus. Precisamos amar a Jesus e o seu serviço fervorosamente. Isso se manifesta com um desejo ardente de orar e o entusiasmo pelo estudo da Bíblia, por exemplo. Você já amou e serviu a Deus mais do que agora? Amar a Deus evita o pecado, pois nossa atenção e interesse estará em fazer a vontade de Deus. Gosto de uma frase atribuída ao teólogo Agostinho: “Ame a Deus e faça o que quiser”. Ele não estava sendo a liberal, mas dizendo que quando amamos a Deus, ficamos livres para viver plenamente e em tudo queremos agradá-lo. Jesus disse: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama” (Jo 14.21).

2. Para evitar o pecado, você precisa vencer a satisfação espiritual. Aqui somos pegos em cheio. Quase sempre estamos satisfeitos com o nosso nível espiritual. Até reconhecemos que não somos o supra-sumo da santidade, mas nos sentimos melhores que muita gente boa. Isso é orgulho. Enquanto nos sentirmos confortáveis com nossa situação espiritual, não sentiremos necessidade de retornar à santidade. Para experimentar a cura de Deus, precisamos nos humilhar. A água corre sempre para os lugares mais baixos. O vaso que primeiro transborda é o menor. Deus não suporta o orgulho, mas sempre favorece os que são humildes. Ele jamais despreza um coração quebrantado (Sl 51.17). Precisamos ter tempo com Deus para sermos purificados. Muitos pecados são imperceptíveis à primeira vista. Por isso, devemos pedir que Deus nos livre dos pecados que desconhecemos (Sl 19.12). Não podemos crescer em santidade satisfeitos (acomodados), com nossa realidade espiritual. Devemos ser gratos pelo que já alcançamos, mas avançarmos sempre para o alvo proposto pelo Senhor para as nossas vidas (Fp 3.12-16).

3. Para evitar o pecado, você precisa evitar o preconceito. Preconceito é um conceito antecipado, sem um exame razoável daquilo que sou contra ou a favor. A Bíblia diz que não devemos fazer diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade. Isso é discriminação e julgamento sem critérios. Não podemos nos associar somente com pessoas da nossa iguala; valorizar os ricos e desprezar os pobres, ou nos ressentirmos com os mais abastados. Não podemos ter preconceitos de cor, raça, cultura ou nacionalidade. Não podemos desprezar ninguém por quem Jesus morreu e ressuscitou. A Bíblia dá lugar para diferenças de opiniões sem que isso seja pecado de um lado ou do outro. Veja Romanos 14. Em Cristo não há distinção racial, social, sexual (Gl 3.28). Usamos uma máxima na igreja que diz: “Nas coisas essenciais, unidade; nas secundárias, liberdade; e em todas, amor”. Muitos de nossos problemas são devidos aos nossos preconceitos. Condenamos muitas coisas que Deus não condena e aprovamos muitas coisas que Deus não aprova. Isso tudo tem a ver com preconceitos. Precisamos atentar para a música de Sérgio Britto, gravada pelos Titãs:

Epitáfio

Devia ter amado mais / Ter chorado mais / Ter visto o sol nascer / Devia ter arriscado mais / Até errado mais / Ter feito o que eu queria fazer / Queria ter aceitado as pessoas como elas são / Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração / O acaso vai me proteger / Enquanto eu andar distraído / O acaso vai me proteger / Enquanto eu andar… / Devia ter complicado menos / Trabalhado menos ter visto o sol se pôr / Devia ter me importado menos / Com problemas pequenos / Ter morrido de amor / Queria ter aceitado a vida como ela é / A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier / O acaso vai me proteger / Enquanto eu andar distraído / O acaso vai me proteger / Enquanto eu andar… / Devia ter complicado menos / Trabalhado menos / Ter visto o sol se pôr.

4. Para vencer o pecado, você deve superar a falta de fé. Jesus não realizou muitos milagres em sua terra por causa da incredulidade das pessoas. “Sem fé é impossível agradar a Deus”. Podemos fazer muitas coisas para Deus sem com isso estar agradando a Deus. Às vezes, é porque o que fazemos não tem a aprovação de Deus, mesmo que tenha a nossa; e outras vezes porque mesmo fazendo as coisas certas, não fazemos com fé. O que agrada a Deus em nós é a fé, a confiança nele. Ele não envergonha quem nele confia (Rm 10.11). O justo vive pela fé (Rm 1.17). Você deve estar perguntando: E as obras, onde ficam? Não têm valor? Para mim, as obras nada mais são que produto da fé. Sem fé em Jesus, nossas obras são como panos sujos que uma mulher usou em sua menstruação, elas nos fazem murchar e ficar longe de Deus (Is 64.6). Às vezes vivemos mais com dúvidas do que com fé. Isso é pecado, pois a Bíblia diz para não andarmos ansiosos por coisa alguma (Fp 4.6). Tem gente que ainda se desculpa por sua ansiedade dizendo que esse é o seu jeito. Não, amigos. A fé nos livra da ansiedade, da pré-ocupação, pois o Senhor guarda em perfeita paz quem confia nele (Is 26.3).

5. Para vencer o pecado, você deve ser amável. Uma característica de nossos dias é a grosseria. Há muito tempo não se vê mais boas maneiras como se via antes. Pedir licença, dizer obrigado e por favor, saíram do normal para fazer parte do humor. A amabilidade é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Uma pessoa espiritualmente saudável, é amável. Jesus era muito amável. Desde as crianças até os velhos, todos gostavam dele (Mt 19.13-15; Jo 3.1-4). Os marginalizados gostavam dele (Lc 15.1-2); enfim, a multidão gostava dele (Mc 12.37). Ele não tinha nada com o pecado (Jo 8.46; Hb 4.15), e era amável. A Bíblia diz para sermos completamente dóceis (Ef 4.2). Isso tem grande valor para Deus (1 Pe 3.4). É bem mais fácil encontrarmos pessoas argumentativas e contenciosas do que pessoas amáveis. Alguns vivem procurando razões para ficar “pegando no pé” de outros. As pessoas se zangam facilmente. Isso é muito diferente do padrão da Bíblia para nós, que manda sermos pacientes e bondosos. Precisamos sofrer em prol dos outros por amor, acreditar no melhor que as pessoas têm, esperar o melhor delas, e suportar suas fraquezas, porque também as temos (1 Co 13.1, 4).

6. Para vencer o pecado, você precisa perdoar sempre. O perdão é a marca do cristão. Devemos perdoar sempre que formos ofendidos, independentemente da atitude da pessoa que nos ofendeu. Também devemos pedir perdão sempre que ofendermos. Aprendi que devo pedir perdão mesmo quando achar que não errei, se isso feriu alguém. Perdão é como uma abelha sem ferrão, não incomoda mais. Se quisermos retornar à santidade, precisamos perdoar sempre. A falta de perdão nos amarra, e pior, nos amarra ao inimigo. Não conseguimos pensar em ninguém mais do que naquele que nos ofendeu. Quando perdoamos nos liberamos e liberamos também nossos agressores. Jesus mandou amar os nossos inimigos e orar pelos nossos perseguidores (Mt 5.44). Se tivermos queixas contra alguém, devemos perdoar. Recebemos o perdão de todos os nossos pecados. Por isso, também devemos perdoar todos os pecados contra nós (Cl 3.13). O perdão é redentor, tanto o de Jesus quanto o nosso, respeitando as devidas proporções. Às vezes, as pessoas que mais temos dificuldades em perdoar são os nossos familiares. Você tem uma listinha secreta de queixas contra seus familiares?

7. Você precisa vencer o pecado do materialismo e do mundanismo. Esses males identificam bem os nossos dias. Hoje as pessoas valem pelo que têm. Mas Jesus disse que a vida de uma pessoa não depende do que ela tem (Lc 12.15). Falamos muito de piedade, mas o que vemos é piedade com reclamação, insatisfação. O importante é ser piedoso e contente. Devemos aprender a viver satisfeitos com pouco. O sábio antigo nos ensina quando diz: “Duas coisas peço que me dês antes que eu morra: Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário” (Pv 30.7-8). Corrie Ten Boom dizia: “Não segure as coisas com muita força”. A Bíblia também diz que as riquezas criam asas (Pv 23.5). O outro pecado que nos pega fácil é o mundanismo. Crente mundano é aquele que se satisfaz com tudo que satisfaz um descrente. A Bíblia diz para não amarmos o mundo, pois quando amamos o mundo, não amamos a Deus (1 Jo 2.15-17). A Bíblia chega mesmo a dizer que a amizade com o mundo é um adultério (Tg 4.4), pois estamos dividindo nosso amor, nossa afeição, nossa atenção, nossas energias, nosso dinheiro… e isso Deus não aceita.

Conclusão: Onde Deus tem lhe falado para mudar? Onde mudar primeiro? Seja específico, faça uma lista e comece agora mesmo seu retorno à santidade.

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