O Fenômeno dos Desejos Sexuais Ilícitos
por
Antonio Francisco
- 29 de nov. de 2006
O adultério está muito mais perto do homem e da mulher, casados ou solteiros, do que se pode imaginar. É uma possibilidade real. Pode acontecer de uma hora para outra, na próxima esquina, no próximo minuto, na próxima oportunidade, principalmente se o candidato ao adultério não se sente vulnerável a esse delito ou a qualquer outro. Daí a sábia exortação prévia de Paulo em 1 Coríntios 10.12: “Quem hoje se sente seguro da sua posição, acautele-se para amanhã não cair” (Tradução de J. B. Phillips); “Tenham cuidado. Se você está pensando: ‘Eu nunca faria uma coisa dessas’, que isso lhe sirva de advertência. Porque você também pode cair em pecado” (BV).
Para Agostinho (354-430), os desejos sexuais são o exemplo mais claro do senhorio da concupiscência sobre a natureza humana. Para pecar contra a castidade, basta “deslocar o olhar do Criador para a criatura”.1
Em junho de 1521, Lutero (1483-1546), aos 38 anos e ainda solteiro, escreveu: “Quem não sente de vez em quando as cogitações e os impulsos da libido e da ira por mais que se oponha e não queira? O furor deles é indômito. Para sua admiração, acrescento que o problema é maior entre fiéis do que entre ímpios. Porque estes cedem e lhe obedecem e por isso jamais experimentam quanto trabalho custa, quanto incômodo acarreta relutar ao pecado e dominar sobre ele. Um ataque como esse exige uma disciplina rigorosa, razão por que Cristo é chamado de ‘Senhor dos Exércitos’ e ‘Rei poderoso na batalha’ (Sl 24.8,10). Os maus pensamentos dos pios são mais fortes do que os dos ímpios. Não obstante [no caso do pios] não os poluem nem os condenam, enquanto que [no caso dos ímpios] acontece tudo isso”.2
Para o reformador protestante, “a castidade [a capacidade de abster-se de relações sexuais e imorais] não é tão fácil quanto calçar e descalçar os sapatos”.3
O ex-ator Guilherme de Pádua, que passou mais de seis anos preso por ter assassinado a atriz Daniella Perez, que agora é crente e membro da Igreja Batista da Lagoinha, quase repetiu Lutero ao confessar ao repórter da Folha de São Paulo que não é tão simples como se pensa não cobiçar outras mulheres: “Eu me doutrino para não perder a disciplina, pois tenho consciência de que a carne milita contra o espírito”. Desde abril de 2006, Guilherme, 36 anos, é casado com Paula Maia, 22, membro da mesma igreja (Folha de São Paulo, 15/10-06, C-3). No tratado Breve Forma do Pai-Nosso, publicado em 1521, Lutero ensina a seguinte oração: “Ao ver uma pessoa, uma imagem ou uma criatura linda, permite que ela não se torne uma tentação para nós, mas um motivo para amar a castidade e louvar-te em tuas criaturas”.4
Fritz Ridenour, autor de Como Ser Cristão sem Ser Religioso, lembra que “a velha natureza ainda está presente em cada cristão, tentando impedir que a nova natureza assuma o comando”. Para ele, “o cristão é uma guerra civil ambulante”. Vozes não-religiosas, como a do juiz brasileiro Álvaro Mayrink da Costa, dizem que “em todo homem há um leão adormecido e acordá-lo é só uma questão de oportunidade”.
Notas:
1. GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. v. 2. p.44.
2. LUTERO, Martinho. Martinho Lutero; obras selecionadas. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 1992. v. 3. p.185.
3. Idem. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 1995. v. 5. p.229. 4. Idem. 2 ed. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 2000. v. 2. p. 194
Extraído da Revista Ultimato - Edição 303 - Novembro-Dezembro/2006
Para Agostinho (354-430), os desejos sexuais são o exemplo mais claro do senhorio da concupiscência sobre a natureza humana. Para pecar contra a castidade, basta “deslocar o olhar do Criador para a criatura”.1
Em junho de 1521, Lutero (1483-1546), aos 38 anos e ainda solteiro, escreveu: “Quem não sente de vez em quando as cogitações e os impulsos da libido e da ira por mais que se oponha e não queira? O furor deles é indômito. Para sua admiração, acrescento que o problema é maior entre fiéis do que entre ímpios. Porque estes cedem e lhe obedecem e por isso jamais experimentam quanto trabalho custa, quanto incômodo acarreta relutar ao pecado e dominar sobre ele. Um ataque como esse exige uma disciplina rigorosa, razão por que Cristo é chamado de ‘Senhor dos Exércitos’ e ‘Rei poderoso na batalha’ (Sl 24.8,10). Os maus pensamentos dos pios são mais fortes do que os dos ímpios. Não obstante [no caso do pios] não os poluem nem os condenam, enquanto que [no caso dos ímpios] acontece tudo isso”.2
Para o reformador protestante, “a castidade [a capacidade de abster-se de relações sexuais e imorais] não é tão fácil quanto calçar e descalçar os sapatos”.3
O ex-ator Guilherme de Pádua, que passou mais de seis anos preso por ter assassinado a atriz Daniella Perez, que agora é crente e membro da Igreja Batista da Lagoinha, quase repetiu Lutero ao confessar ao repórter da Folha de São Paulo que não é tão simples como se pensa não cobiçar outras mulheres: “Eu me doutrino para não perder a disciplina, pois tenho consciência de que a carne milita contra o espírito”. Desde abril de 2006, Guilherme, 36 anos, é casado com Paula Maia, 22, membro da mesma igreja (Folha de São Paulo, 15/10-06, C-3). No tratado Breve Forma do Pai-Nosso, publicado em 1521, Lutero ensina a seguinte oração: “Ao ver uma pessoa, uma imagem ou uma criatura linda, permite que ela não se torne uma tentação para nós, mas um motivo para amar a castidade e louvar-te em tuas criaturas”.4
Fritz Ridenour, autor de Como Ser Cristão sem Ser Religioso, lembra que “a velha natureza ainda está presente em cada cristão, tentando impedir que a nova natureza assuma o comando”. Para ele, “o cristão é uma guerra civil ambulante”. Vozes não-religiosas, como a do juiz brasileiro Álvaro Mayrink da Costa, dizem que “em todo homem há um leão adormecido e acordá-lo é só uma questão de oportunidade”.
Notas:
1. GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. v. 2. p.44.
2. LUTERO, Martinho. Martinho Lutero; obras selecionadas. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 1992. v. 3. p.185.
3. Idem. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 1995. v. 5. p.229. 4. Idem. 2 ed. São Leopoldo: Sinodal, Porto Alegre: Concórdia, 2000. v. 2. p. 194
Extraído da Revista Ultimato - Edição 303 - Novembro-Dezembro/2006
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