1
Gostaria de ser embalado, para embalado não ficar acordado. Não consigo dormir, e para divertir, estou a redigir. Escrevo para ter sono, e como abono, componho. Não tendo com quem falar, vou externar o pensar.

2
Estou na madrugada, ouvindo a cachorrada da vizinhada. Estou sedento, enquanto bebo, me dessedento. Vou me exprimir antes que o sono possa surgir. Não tenho assunto, mas medito enquanto assunto.

3
Minha filha acordou, e a hora me perguntou. É a filha que vai casar, que em breve vai nos deixar. Vai deixar saudade, mas já tem idade para a maternidade. Velho eu já estou pois até em avô já se falou.

4
A esposa também já levantou e até já palpitou. O rádio já ligou, o silêncio acabou, mas o sono não chegou. Vou continuar escrevendo e o texto só vai crescendo. Mesmo sem inspiração vou dando vazão ao coração.

5
De dez estrofes não vou deixar passar. Quem sabe até lá algo melhor possa brotar. Pelo menos para memória esta página vai ficar. E num futuro bem distante, dessa noite vou lembrar.

6
Se as palavras voam, os escritos ecoam. Gosto muito de escrever, pois muitos poderão ler. Talvez o que está no papel possa tirar alguém do fel. Isso seria um presente nesta madrugada quente.

7
Tomei café agora, isso para o sono piora. Vou ter que dormir quando o sol nascer, se o sono aparecer. Melhor quero dormir nas noites por vir. A insônia não convém do cansaço que advém.

8
Vou aqui finalizando, pois já está saturando. Não quero lhe irritar com essas rimas a desejar. Já estou bocejando, acho que vou pegar no sono. Voltarei a escrever, que possa ser melhor de perceber.