"Como alguém pode nascer, sendo velho?" (Jo 3.4). Essa foi a pergunta de Nicodemos, uma autoridade entre os judeus, quando Jesus disse que ele precisava nascer de novo. Ele não entendeu o que Jesus dizia, ainda que fosse um mestre da Lei. Ele pensou que Jesus falava de um nascimento biológico (físico) pela segunda vez. Jesus falava de um novo nascimento espiritual. Algo invisível, mas real. Mas, pode alguém nascer de novo?

Pode sim. Eu nasci de novo há 30 anos. Hoje é o meu aniversário de conversão a Cristo. Eu não passei apenas por uma experiência de mimetismo, não mudei apenas de religião ou de usos e costumes. Na verdade, eu nasci de novo. Jesus disse: "Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo" (Jo 3.3), ou nascer de cima, nascer de Deus. Essa é a necessidade principal de todo ser humano. Jesus disse para Nicodemos: "Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário nascer de novo" (Jo 3.7). Note que não é uma mera opção, mas uma necessidade. Está escrito: "O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito" (Jo 3.6). Os que nascem de novo pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3.5), se relacionam com Deus de forma pessoal e prática. Essa experiência é obra exclusiva de Deus. Jesus falou isso de forma interessante quando disse: "O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito" (Jo 3.8). Assim como ninguém tem controle sobre o vento, nem sabe previamente como ele agirá, mesmo com todas as previsões meteorológicas; de igual modo é a ação do Espírito Santo na vida das pessoas. É obra de Deus o modo e em quem agir efetuando o novo nascimento. Quanto ao homem, cabe receber Jesus, crendo nele como Senhor e Salvador pessoal. Não é uma questão de descendência humana, nem vontade carnal, é um nascimento gerado por Deus, dando-nos o direito de sermos seus filhos (Jo 1.12-13). É uma questão de fé, não de méritos próprios (Ef 2.8-10). O novo nascimento nos faz santos e irrepreensíveis na presença de Deus (Ef 1.4), pois, "todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus" (1 Jo 3.9).

Hoje é um dia memorável e muito especial na minha vida, pois completo trinta anos de vida cristã. Foi no dia 9 de julho de 1978 que verdadeiramente nasci de novo. Jamais esquecerei aquele domingo. Depois de já ter ido algumas vezes participar de cultos naquela igreja, naquela noite Deus concretizou o que havia começado a fazer. Quando o Pastor fez o apelo perguntando quem gostaria de entregar sua vida para Jesus, eu hesitei em manifestar o que já estava decidido a fazer, porque era muito tímido. O Pastor gostava de dizer naqueles momentos: "Não há segundo sem primeiro. Quem será o primeiro nesta noite a entregar sua vida a Jesus?". Graças a Deus que um rapaz mais jovem que eu, manifestou-se. Em seguida também fui à frente e deixei aquele lugar como uma nova criação em Cristo Jesus (2 Co 5.17). Eu tinha comprado uma Bíblia no dia anterior. No dia seguinte à minha conversão, fui para o quintal de minha casa e gastei muito tempo lendo a Bíblia. Comecei lendo o Novo Testamento no livro de Mateus. Quando cheguei ao capítulo dez e os versículos trinta e sete, trinta e oito e trinta e nove, algo aconteceu no meu coração. Os versículos dizem: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará" (Mt 10.37-39). Ali mesmo ficou claro para mim que a vida com Jesus é um caminho sem volta, é viver sempre na luz, é comer de um pão sempre novo - Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.35). Começava a sentir naquele dia o que confirmo hoje, trinta anos depois: a vida cristã é viver sempre em novidade de vida (Rm 6.4). Menos que isso, não é novo nascimento. Eu nasci de novo! Aleluia!