A Quitanda e o Supermercado
por
Antonio Francisco
- 1 de set. de 2007
Quando a gente era menino comprava na quitanda. Hoje compramos no supermercado. A quitanda era aquele pequeno estabelecimento comercial onde o vendedor era conhecido de toda a nossa família. As crianças até lhe pediam a bênção. Alguns tratavam nossos pais de compadres. A gente comprava fiado em nome dos pais e o proprietário anotava em um caderno para ser pago no final do mês. Se não desse para pagar tudo, ficava para o outro mês e nem tinha juros. A gente comprava conforme precisava. Não se estocava mercadoria em casa. Podia comprar metade de uma rapadura, meio quilo de açúcar, uma barra de sabão, um litro de querosene para a lamparina e assim por diante. As compras eram feitas com diálogos. O vendedor e o comprador se interessavam um pelo outro e conheciam a família um do outro, os negócios, os problemas e planos.
Mas o tempo passou, e hoje vivemos na era dos supermercados. É tudo diferente, basicamente o oposto da quitanda. O supermercado é um grande estabelecimento comercial. A gente não conhece e nunca vê o dono da empresa que muitas vezes pertence a uma sociedade anônima. As crianças podem até desfrutar de um playground, mas alguém deve cuidar delas ou pagar pelo uso. A gente não conhece os funcionários e não precisa falar com eles para comprar, pois é um ambiente em sua maior parte de auto-serviço. Hoje para comprar tem que ter dinheiro ou crédito na praça. O fiado acontece com um cheque pré-datado ou com cartão de débito ou crédito. Os juros estão em praticamente tudo o que se compra. Somos obrigados a comprar conforme a embalagem e tudo é muito impessoal, ainda que muito atraente.
A igreja tem se tornado como um supermercado. Os templos são cada vez maiores e mais confortáveis. As relações são superficiais. É normal participar de um culto, ir embora e não falar com ninguém. As pessoas pouco se conhecem ou nem se conhecem. Os membros das igrejas se tornaram consumidores exigentes; pagam para usufruir e se não gostarem reclamam, trocam de “gerente” ou vão para outro “supermercado” que lhes agrade.
Fazendo comparações, a igreja deve ser como a quitanda e o supermercado; deve viver no varejo e no atacado. Os grandes ajuntamentos no prédio da igreja se comparam ao supermercado, que é o perfil da igreja há mil e setecentos anos. Isso tem a sua importância. Mas não se pode ignorar o estilo “quitanda”, onde a igreja vivencia seus valores em pequenos grupos. Somente nesses ambientes são vivenciados os chamados mandamentos recíprocos, aqueles conhecidos como “uns aos outros”. É aqui que as coisas acontecem de fato. Os grandes ajuntamentos refletem o que acontece nas células.
Sobre a igreja no início, a Bíblia diz: “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo” (At 5.42). Esse é o equilíbrio que precisamos resgatar; viver as celebrações coletivas, mas jamais subestimar a importância dos pequenos grupos. É como um pássaro com suas duas asas.
A igreja não é um sistema semelhante ao Antigo Testamento. Ela nasceu para ser um movimento, não um monumento. Para a igreja, todos os dias são santos, todos os lugares são santuários e todas as ações são rituais sagrados. O que identifica a igreja é a presença de Jesus, mesmo que com dois ou três reunidos em seu nome (Mt 18.20). Nós somos a igreja e somos o templo; o restante é de somenos importância.
Mas o tempo passou, e hoje vivemos na era dos supermercados. É tudo diferente, basicamente o oposto da quitanda. O supermercado é um grande estabelecimento comercial. A gente não conhece e nunca vê o dono da empresa que muitas vezes pertence a uma sociedade anônima. As crianças podem até desfrutar de um playground, mas alguém deve cuidar delas ou pagar pelo uso. A gente não conhece os funcionários e não precisa falar com eles para comprar, pois é um ambiente em sua maior parte de auto-serviço. Hoje para comprar tem que ter dinheiro ou crédito na praça. O fiado acontece com um cheque pré-datado ou com cartão de débito ou crédito. Os juros estão em praticamente tudo o que se compra. Somos obrigados a comprar conforme a embalagem e tudo é muito impessoal, ainda que muito atraente.
A igreja tem se tornado como um supermercado. Os templos são cada vez maiores e mais confortáveis. As relações são superficiais. É normal participar de um culto, ir embora e não falar com ninguém. As pessoas pouco se conhecem ou nem se conhecem. Os membros das igrejas se tornaram consumidores exigentes; pagam para usufruir e se não gostarem reclamam, trocam de “gerente” ou vão para outro “supermercado” que lhes agrade.
Fazendo comparações, a igreja deve ser como a quitanda e o supermercado; deve viver no varejo e no atacado. Os grandes ajuntamentos no prédio da igreja se comparam ao supermercado, que é o perfil da igreja há mil e setecentos anos. Isso tem a sua importância. Mas não se pode ignorar o estilo “quitanda”, onde a igreja vivencia seus valores em pequenos grupos. Somente nesses ambientes são vivenciados os chamados mandamentos recíprocos, aqueles conhecidos como “uns aos outros”. É aqui que as coisas acontecem de fato. Os grandes ajuntamentos refletem o que acontece nas células.
Sobre a igreja no início, a Bíblia diz: “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo” (At 5.42). Esse é o equilíbrio que precisamos resgatar; viver as celebrações coletivas, mas jamais subestimar a importância dos pequenos grupos. É como um pássaro com suas duas asas.
A igreja não é um sistema semelhante ao Antigo Testamento. Ela nasceu para ser um movimento, não um monumento. Para a igreja, todos os dias são santos, todos os lugares são santuários e todas as ações são rituais sagrados. O que identifica a igreja é a presença de Jesus, mesmo que com dois ou três reunidos em seu nome (Mt 18.20). Nós somos a igreja e somos o templo; o restante é de somenos importância.
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