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Líder carismático: um mito

Marcos Venancio

Atualmente, a liderança é um dos assuntos mais estudados e, ao mesmo tempo, um dos menos compreendidos. Inúmeros textos, reportagens e livros sobre liderança são publicados periodicamente, contudo, com pouca utilidade. Um pretensioso pesquisador americano ironiza dizendo que a liderança é como o abominável homem das neves, cujas pegadas estão em todos os lugares, embora ele não esteja em lugar algum para ser visto.

Numa comunidade cristã a liderança tem um papel fundamental. Assim como ela pode ajudar a desenvolvê-la, pode também prejudicá-la e até destruí-la.

Muitos acreditam que um líder precisa ser carismático e isso virou um mito. Na Bíblia, carisma significa dom ou dádiva do Espírito de Deus. Entretanto, no contexto secular o carisma pode ser considerado como a capacidade de certos líderes de despertar a atenção ou a consciência das pessoas, e de conquistar desta forma, algum tipo de poder. Esse tipo de carisma faz com que certos líderes se tornem convencidos de sua infalibilidade, mas que são incapazes de mudar, assim, tornam-se inflexíveis em seu modo de pensar e de agir.

Para os especialistas no assunto, o líder carismático geralmente é individualista e às vezes parece ter um caráter “mágico”, ou magnetismo pessoal. É caracterizado também, por pessoas que se julgam excepcionais, sobrenaturais e insubstituíveis, na maioria das vezes, gostam que os outros dependam deles e temem perder o poder; é comum acharem que ninguém ao seu redor é confiável ou capaz. Quase sempre tentam impor suas idéias. Na frente de quem pode elegê-los, são uma coisa, por trás, outra bem diferente. O tempo e a convivência revelarão seu tipo de caráter.

A verdade é que uma liderança para ser eficaz não depende desse tipo de carisma e a história está repleta de exemplos como Lincoln, Gandhi, Martin Luter King e outros. O próprio Jesus (leia Isaías 53) não foi nada carismático. Seus contemporâneos se escandalizaram com suas atitudes e palavras, porque elas eram cheias de verdade e amor, além do mais, ele vivia o que ensinava e quando diz, “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11.19), Jesus se recomenda como modelo de líder . Ele era humilde. Ele valorizava e amava os seus liderados. Jesus sabe ter o poder. O seu poder se submete a paz. Seu carisma era a graça de Deus, o dom do Espírito Santo.

Vale lembrar aqui o sábio conselho de um filósofo chinês chamado Lao-Tsé: “Se quiser liderar pessoas, caminhe atrás delas”.

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