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A posição doutrinária do cristão

Depois de mostrar os contrastes entre as duas espécies de justiça e piedade, os dois tesouros, as duas visões, os dois senhores e as duas ambições, Jesus mostra que finalmente chegou o momento de decidir entre o reino de Satanás e o Reino de Deus. Aqui ele fala de duas portas, dois caminhos, dois mestres, dois apelos e dois fundamentos e alerta do perigo dos falsos mestres.

1. A escolha necessária (vs. 13-14). Jesus descarta nosso sincretismo e requer que façamos uma escolha, porque só há duas possibilidades.

“13. Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mt 7.13-14).

Existem duas portas. A porta que leva ao caminho fácil é larga, sem limites. Não precisamos deixar nada para trás para entrar por essa porta. Já a porta que leva ao caminho difícil é estreita como o buraco de uma agulha (Mt 19.24). É preciso procurar por ela, pois é fácil errar. Para entrar pela porta estreita temos que deixar tudo para trás: o pecado, se necessário a família e amigos, e negar-se a si mesmo (Lc 18.28-30; 9.23). Nessa porta as pessoas entram uma a uma. Essa porta é Jesus (Jo 10.9).

O conceito de dois caminhos vem do Velho Testamento (Salmo 1). Um dos caminhos é fácil, com muito lugar para diversidade de opiniões, frouxidão moral, tolerância e permissividade, sem freios nem limites de pensamento ou de conduta. Os viajantes desse caminho fazem o que bem entendem.

O caminho difícil é apertado, com limites demarcados, pela “revelação divina” conforme as Escrituras. Aqui, não são os sentimentos que devem prevalecer, mas o que Deus diz na Bíblia, mostrando o que crer e o comportamento que devemos ter. Isso certamente é “difícil”. Mas por outro lado é um “jugo suave” e um “fardo leve” (Mt 11.30). A Bíblia também diz que os mandamentos do Senhor não são pesados (1 Jo 5.3).

Por toda a história bíblica são apresentados dois destinos: os que prosperam e os que são destruídos (Dt 30.15, 19; Sl 1; Jr 21.8). Jesus ensinou que a porta larga e o caminho amplo levam à perdição. O caminho fácil é o caminho suicida.

Mas, o caminho apertado, leva à vida, à vida eterna, que começa com a comunhão com Deus aqui, e é aperfeiçoada no céu, onde desfrutaremos da glória de Deus depois de termos servido a Deus e ao próximo.

Como há dois destinos, há dois grupos de pessoas. Muitos que entram pela porta larga e vivem no caminho amplo, irão para a perdição. Já os que entram pela porta estreita e andam no caminho apertado, têm a vida eterna.

Para alguém que queria saber se seriam poucos os salvos, Jesus disse: “Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13.23-24). É preciso escolher. Não há meio-termo. Jesus não nos deu a opção do meio, da indefinição. Tem que haver decisão.

2. O perigo dos falsos mestres (vs 15-20). Jesus advertiu seus discípulos sobre os falsos profetas. Ele sempre existiram. Os fariseus e mestres da lei foram colocados nessa categoria. Jesus os chamou de “guias cegos”. Um dos sinais do fim dos tempos, é o surgimento de numerosos falsos profetas, que enganarão a muitos (Mt 23.16; 24.11). Eles se proliferam em nossos dias.

“15. Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. 16. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? 17. Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. 18. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. 19. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. 20. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!” (Mt 7.15-20).

Há um padrão objetivo da verdade, distinto da falsidade. Nos tempos bíblicos um verdadeiro profeta falava por inspiração divina, enquanto o falso profeta mentia usando o nome de Deus (Jr 23.16, 18, 22, 28). Jesus deixou clara a distinção entre a verdade e a mentira doutrinária.

Os falsos profetas são perigosos, e Jesus mandou ter cuidado com eles (v. 15). Na Palestina, os lobos eram os inimigos naturais das ovelhas. Os falsos profetas são como lobos devoradores. Daí a importância de alimentar bem as ovelhas com a verdade.

Os falsos profetas falam de um otimismo amoral, de um deus “bonzinho” negando que Deus condena o mal. Eles enchem o povo de “falsas esperanças”; aos desobedientes oferecem paz quando não há paz, e negam as conseqüências de seus males (Jr 8.11; 23.16-17). Quando não negam a diferença entre a mentira e a verdade, pelo menos procuram diminuir essa diferença, para no mínimo conseguirem confundir. Os lobos se disfarçam de ovelhas, mas são feras perigosas.

Jesus mudou a comparação de ovelhas e lobos para árvores e frutos. Ele disse que devemos reconhecer os frutos dados pelos falsos profetas. Um lobo pode disfarçar-se, mas não uma árvore. Os frutos têm raiz no caráter e na conduta. Uma boa maneira de reconhecer se os frutos são bons ou maus, é fazer uma comparação das obras da carne com o fruto do Espírito (Gl 5.19-23).

Além do caráter, os frutos passam pelos ensinamentos. Devemos examinar os espíritos para ver se eles procedem de Deus (1 Jo 2.26; 4.1). Um verdadeiro profeta deve confessar Jesus como o Cristo que veio em carne, reconhecendo assim sua pessoa divino-humana (1 Jo 2.22, 23; 4.2, 3; 2 Jo 7-9).

Além do caráter e do ensino, há também o teste da influência. O ensino falso leva para a impiedade; é como câncer que perverte a fé e provoca brigas (2 Tm 2.16-18, 23). Mas o bom ensino produz fé, piedade, e maturidade (1 Tm 1.4-5; 4.7; 6.3; 2 Tm 3.16-17).

A posição doutrinária do cristão é entrar pela porta estreita, andar pelo caminho apertado, e zelar da doutrina bíblica aplicando os testes do caráter, do ensino sadio e da influência.

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