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A importância de começar bem

“Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês” (Gl 4.19).

Semana passada nasceu nos Estados Unidos, Amilia Taylor. Nasceu com menos de 22 semanas de gestação (pouco mais de cinco meses), com 280 gramas. Qualquer recém-nascido com menos de 1 kg é considerado de “extremo baixo peso”. Antes dela, os médicos acreditavam que nenhuma criança sobreviveria com menos de 24 semanas. Há poucos dias nasceu no Brasil, Artur, com 385 gramas, o mais prematuro dos brasileiros.

Os dois têm sobrevivido. Mas isso é o primeiro passo de um longo tratamento médico. Eles precisam ficar internados numa UTI até atingirem um peso mínimo de 2 kg, o que às vezes leva meses. Depois disso as reinternações devem acontecer devido a fragilidade dessas crianças. Na verdade eles vão passar a vida freqüêntando hospitais. Como disse uma médica: “Se você nasceu prematuro com extremo baixo peso, você vai ser vigiado pelo resto da vida”.

Tomar conhecimento da história dessas duas crianças me fez pensar seriamente na realidade da igreja evangélica em nossos dias. Acredito que a igreja há muito tempo vem sofrendo devido a má qualidade de vida de seus membros, por causa de um começo fraco por parte daqueles que ingressam na membresia das igrejas. Em muitos casos o problema começa com os líderes. Numa entrevista, o Dr. Russel Shedd comentou sobre os pastores que são preparados em universidades por toda a Europa. Nessas escolas os professores não são crentes. Sendo mais específico, ele disse que na Alemanha onde seu genro e filha vivem, a igreja em que congregam colocou uma cláusula no estatuto exigindo que o pastor daquela igreja fosse crente. Onde vamos parar? Se o Brasil ainda não vive isso de forma clara, deixamos a desejar em muitas áreas.

As crianças prematuras terão dificuldades por toda a vida. Demorarão andar e mesmo que algumas pareçam se desenvolver bem e não apresentem maiores dificuldades, na adolescência ou vida adulta poderão começar a ter dificuldades em várias áreas. Como isso parece com a igreja. Não quero ser pessimista nem sou. Não estou decepcionado com a igreja. Creia que ela é o Corpo Vivo de Cristo na terra, mas não posso ignorar que as coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Até começo a lembrar de algumas passagens bíblicas. Falando do final dos tempos, Jesus disse que “devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). Falando do mesmo assunto, o apóstolo Paulo escreveu que no final as pessoas teriam apenas aparência de piedade, mas sem nenhum poder. Que desses crentes devemos nos afastar (2 Tm 3.5). Você já se imaginou afastando-se de todos que na vida cristã vivem apenas de aparências? Com quem você ficaria? Ou será que você é que seria abandonado?

Muitos que deveriam ser mestres ainda estão precisando ser ensinados quanto aos princípios elementares da Palavra de Deus (Hb 5.11-14). Isso me fala muitas coisas, como por exemplo: 1) Nascimentos espirituais prematuros, ou seja, pessoas são declaradas crentes quando não tiveram ainda uma experiência real de novo nascimento; 2) Crentes novos que não recebem acompanhamento espiritual, e não são discipuladas porque não há gente qualificada para isso. É uma espécie de efeito dominó. Precisamos reverter isso. Algumas considerações práticas imediatas poderiam incluir: 1º - Cultivo diário da vida devocional. Vejo cada vez mais pessoas se desculpando de não lerem muito a Bíblia porque o que importa é a qualidade e não a quantidade. Isso não procede. Precisamos ler muito a Bíblia. Claro que podemos mudar o estilo de leitura, como leitura devocional, estudo minucioso, mas nada justifica não gastar muito tempo com a Bíblia. O tempo específico para orar é indispensável. 2º - O compromisso com a membresia da igreja deve ser enfatizado abertamente. Precisamos amar a igreja e fazer tudo que nos for possível para contribuir com seu crescimento em todos os sentidos. 3º - Precisamos objetivamente priorizar os propósitos que Deus estabeleceu para nós. Esses propósitos se aplicam para a vida coletiva da igreja, mas igualmente se aplicam à vida pessoal, que são: adoração, comunhão, crescimento, serviço, e evangelização.

Vamos dizer com o apóstolo Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2.20).

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