A providência divina
por
Antonio Francisco
- 13 de jan. de 2007
Se Deus controla todas as coisas, será que nossos atos podem ter significado real? Quais são os decretos de Deus? Por ser o Criador de todas as coisas, Deus preserva e governa tudo no universo.
A doutrina bíblica da providência divina evita quatro erros comuns: a) o deísmo (que ensina que Deus criou o mundo e depois o abandonou); b) o panteísmo (que prega que a criação não tem uma existência real e distinta em si mesma, mas meramente faz parte de Deus; c) o acaso (ou casualidade); d) destino (impessoal ou determinismo).
A doutrina da providência divina diz que “Deus está continuamente envolvido com todas as coisas criadas de forma tal que (1) as preserva como elementos existentes, que conservam as propriedades com que ele os criou; (2) coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades características a fim de fazê-las agir como agem; e (3) as orienta no cumprimento dos seus propósitos”.
A. PRESERVAÇÃO
Deus preserva todas as coisas criadas como elementos existentes, que conservam as propriedades com que ele os criou. A Bíblia diz que Jesus, o Filho de Deus, está “sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa” (Hb 1.3). A palavra grega traduzida como “sustentando” é usada no Novo Testamento com o sentido de carregar algo de um lugar para outro (Lc 5.18; Jo 2.8; 2 Tm 4.13). O uso do gerúndio indica que Jesus está “continuamente carregando consigo todas as coisas”.
“Tudo subsiste” em Cristo (Cl 1.16-17). De tal maneira que, se Cristo interrompesse a sua contínua atividade de sustentação de todas as coisas do universo, tudo instantaneamente deixaria de existir (Ne 9.6; At 17.28; 2 Pe 3.7). Deus nos dar continuamente a respiração de cada dia (Jó 34.14-15; Sl 104.29).
Deus preserva a água de tal forma que continue sendo água. Faz a grama continuar sendo grama, com todas as suas características distintivas. Deus preserva o que já foi criado pela palavra do seu poder (Hb 1.3).
A providência divina proporciona fundamento para a ciência: Se um experimento científico dá determinado resultado hoje, dará o mesmo resultado amanhã e daqui a cem anos. Também fornece fundamento para a tecnologia: a gasolina que faz meu carro rodar hoje, o fez ontem, porque a providência divina sustém o universo, no qual as coisas criadas conservam as propriedades com que ele as fez.
B. COOPERAÇÃO
Deus coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades características a fim de fazê-las agir como agem. A Bíblia diz que Deus em Cristo “faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” (Ef 1.11).
1. A criação inanimada. Aquilo que achamos ser meramente natural, a Bíblia afirma que Deus as faz acontecer (Jó 37.6-13; 38.12, 22-30; Sl 104.4, 14; 135.6-7; 148.8; Mt 5.45).
2. Os animais. A Bíblia diz que Deus alimenta os animais selvagens do campo, as aves do céu, até mesmo os que nos parecem menos significantes (Jó 38.39-41; Sl 104.27-29; Mt 6.26; 10.29).
3. Acontecimentos aparentemente “aleatórios” ou “casuais”. O ato de lançar sorte (equivalente moderno ao jogar dados ou tirar cara ou coroa) é o mais típico dos eventos aleatórios que ocorrem no universo. Mas a Bíblia diz que o resultado desse evento provém de Deus (Pv 16.33).
4. Eventos provocados por Deus e pelas criaturas. Deus dirige as propriedades distintivas de cada coisa criada e age por intermédio delas, de modo que essas coisas mesmas gerem os resultados que vemos. Assim, podemos dizer que os eventos são 100 por cento causados por Deus e 100 por cento causados pelas criaturas.
5. As questões nacionais. A Bíblia também fala que Deus tem o controle total de todas as atividades humanas; isso diz respeito aos acontecimentos nas nações da terra (Jó 12.23; Sl 22.28; Dn 4.34-35; At 14.16; 17.26).
6. Todos os acontecimentos da nossa vida. Precisamos de Deus para o pão de cada dia (Mt 6.11). Ele supre cada uma de nossas necessidades (Fp 4.19). Ele planejou nossos dias (Jó 14.5; Sl 139.16). Todas as nossas ações dependem do cuidado providencial de Deus (At 17.28). Deus dirige nossos passos (Pv 20.24). O sucesso e o fracasso provêm de Deus (Sl 75.6-7). O Senhor nos dá os filhos (Sl 127.3). Nossa capacidade vem de Deus (Sl 18.34; 1 Co 4.7). Deus influencia os governantes em suas decisões (Pv 21.1). Deus efetua em nós tanto o querer quanto o realizar (Fp 2.13).
7. E o mal? Se Deus é a causa do que vem a acontecer no mundo, então surge a pergunta: “Qual a relação entre Deus e o mal que existe no mundo?” Será que Deus realmente causa os atos maus das pessoas? Se o faz, então não seria Deus responsável pelo pecado?
Existem muitas passagens bíblicas que falam de Deus provocando algum tipo de mal, mas Deus nunca é responsabilizado pelo mal e não tem nele prazer. Um exemplo claro se encontra na história de José. Seus irmãos tinham inveja dele, o odiavam e queriam matá-lo jogando-o num poço. Depois o venderam como escravo (Gn 37.4, 5, 8, 11, 20, 24, 28). Mais tarde José atribuiu todos aqueles acontecimentos a Deus (Gn 45.5; 50.20). Veja ainda Salmo 105.17.
Repetidas vezes se diz que Deus endureceu o coração de faraó (Êx 4.21). Mas também está escrito que o próprio faraó endureceu seu coração (Êx 8.15). Deus fez isso para mostrar seu poder e para que seu nome fosse proclamado em toda a terra (Rm 9.17-18). Muitas outras passagens bíblicas ilustram isso.
A Bíblia não põe Deus de lado diante dos maus acontecimentos (Êx 4.11; Is 45.7; 63.17; Lm 3.38; Am 3.6). As ações de homens perversos na crucificação de Jesus estavam dentro dos propósitos de Deus (At 2.23; 4.27-28).
8. Breve análise sobre Deus e o mal:
a) Deus usa todas as coisas para cumprir os seus desígnios e usa até o mal para a sua glória e para o nosso bem (Gn 50.20; Sl 76.10; Rm 8.28). Dizer que Deus realiza o mal é dizer que ele não é um Deus bom e justo. Mas dizer que Deus não usa o mal para cumprir seus propósitos, é dizer que no universo há males que Deus não queria que acontecesse. Assim sendo ele não teria controle de tudo.
b) Deus jamais faz o mal e jamais deve ser culpado pelo mal (Mt 18.7; 26.24; Mc 14.21; Lc 22.22; Tg 1.13-14). Deus ordena que o mal se realize por intermédio das decisões voluntárias das suas criaturas. Isso não torna Deus culpado do mal.
c) Deus culpa e julga justamente as criaturas morais pelo mal que fazem. A culpa pelo mal é sempre da criatura responsável que o comete, seja homem, seja demônio, e a criatura que comete o mal sempre merece castigo (Ec 7.29; Is 66.3-4). Em todas as ocasiões em que fazemos o mal, sabemos que voluntariamente decidimos fazê-lo e percebemos que é com justiça que devemos ser culpados por isso.
d) o mal é real, não ilusão, e jamais devemos fazer o mal, pois ele sempre prejudicará a nós mesmos e os outros. Devemos pedir que Deus nos livre do mal e ajudar as pessoas quanto a isso (Mt 6.13; Tg 5.19-20). Devemos nos abster dos desejos carnais que guerreiam contra a alma (1 Pe 2.11).
e) Apesar de todas as afirmações anteriores, chega um ponto em que nos vemos obrigados a confessar que não compreendemos como Deus pode ordenar que executemos atos maus e depois nos responsabilizar por eles, sem que o próprio Deus tenha culpa.
9. Somos “livres”? Temos “livre-arbítrio”? Se entendermos que ser livre é ter vontade, sim. Mas depois do pecado não temos capacidade de fazer o bem por nós mesmos, pois nossa vontade é escrava do pecado.
C. GOVERNO
Já vimos dois aspectos da providência: (1) preservação e (2) cooperação. O terceiro aspecto da providência diz que Deus tem um propósito em tudo o que faz no mundo, e providencialmente governa ou dirige todas as coisas a fim de que cumpram esses propósitos divinos. A Bíblia diz: “O SENHOR estabeleceu o seu trono nos céus, e como rei domina sobre tudo o que existe” (Sl 103.19; Dn 4.35; Rm 11.36; Fp 2.10-11). Nisso tudo existe o que chamamos de vontade revelada e vontade secreta de Deus.
D. OS DECRETOS DE DEUS
Os decretos de Deus significam que antes da criação do mundo, ele determinou realizar tudo o que acontece. Essa doutrina é semelhante à da providência, mas ela fala das decisões divinas anteriores à criação do mundo.
Davi disse: “... todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir” (Sl 139.16). Em Jó lemos: “Os dias do homem estão determinados; tu decretaste o número de seus meses e estabeleceste limites que ele não pode ultrapassar” (Jó 14.5). Nossa salvação foi determinada por Deus: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Ef 1.4).
É benéfico perceber os decretos de Deus, pois isso nos faz entender que Deus não fica tomando decisões repentinas nem fazendo atalhos. Como disse Albert Einstein: “Deus não joga dados”. Ele conhece tudo desde o começo, e fará toda a sua vontade. Isso aumenta nossa confiança nele, especialmente em circunstâncias difíceis.
E. A IMPORTÂNCIA DAS NOSSAS AÇÕES
Alguns menos avisados criticam a doutrina da providência dizendo que ela nos anula. Isso não é verdade. Deus sempre leva em conta nossas ações e nos criou com essa capacidade de escolha e decisão. O que não podemos é questioná-lo (Rm 9.19-20).
Uma entre outras provas que nossas ações têm importância, é o fato de nossas orações serem respondidas por Deus. A Bíblia mesma diz: “Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa” (Jo 16.24). “Não têm, porque não pedem” (Tg 4.2).
Devemos confiar em Deus, mas também devemos agir. Veja o que um soldado que confiava em Deus disse para outro: “Seja forte e lutemos com bravura pelo nosso povo e pelas cidades do nosso Deus. E que o SENHOR faça o que for de sua vontade” (2 Sm 10.12). A vontade soberana de Deus não ignora nossas ações: “Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” (2 Tm 2.10).
Repetidas vezes se diz que Deus endureceu o coração de faraó (Êx 4.21). Mas também está escrito que o próprio faraó endureceu seu coração (Êx 8.15). Deus fez isso para mostrar seu poder e para que seu nome fosse proclamado em toda a terra (Rm 9.17-18). Muitas outras passagens bíblicas ilustram isso.
A Bíblia não põe Deus de lado diante dos maus acontecimentos (Êx 4.11; Is 45.7; 63.17; Lm 3.38; Am 3.6). As ações de homens perversos na crucificação de Jesus estavam dentro dos propósitos de Deus (At 2.23; 4.27-28).
8. Breve análise sobre Deus e o mal:
a) Deus usa todas as coisas para cumprir os seus desígnios e usa até o mal para a sua glória e para o nosso bem (Gn 50.20; Sl 76.10; Rm 8.28). Dizer que Deus realiza o mal é dizer que ele não é um Deus bom e justo. Mas dizer que Deus não usa o mal para cumprir seus propósitos, é dizer que no universo há males que Deus não queria que acontecesse. Assim sendo ele não teria controle de tudo.
b) Deus jamais faz o mal e jamais deve ser culpado pelo mal (Mt 18.7; 26.24; Mc 14.21; Lc 22.22; Tg 1.13-14). Deus ordena que o mal se realize por intermédio das decisões voluntárias das suas criaturas. Isso não torna Deus culpado do mal.
c) Deus culpa e julga justamente as criaturas morais pelo mal que fazem. A culpa pelo mal é sempre da criatura responsável que o comete, seja homem, seja demônio, e a criatura que comete o mal sempre merece castigo (Ec 7.29; Is 66.3-4). Em todas as ocasiões em que fazemos o mal, sabemos que voluntariamente decidimos fazê-lo e percebemos que é com justiça que devemos ser culpados por isso.
d) o mal é real, não ilusão, e jamais devemos fazer o mal, pois ele sempre prejudicará a nós mesmos e os outros. Devemos pedir que Deus nos livre do mal e ajudar as pessoas quanto a isso (Mt 6.13; Tg 5.19-20). Devemos nos abster dos desejos carnais que guerreiam contra a alma (1 Pe 2.11).
e) Apesar de todas as afirmações anteriores, chega um ponto em que nos vemos obrigados a confessar que não compreendemos como Deus pode ordenar que executemos atos maus e depois nos responsabilizar por eles, sem que o próprio Deus tenha culpa.
9. Somos “livres”? Temos “livre-arbítrio”? Se entendermos que ser livre é ter vontade, sim. Mas depois do pecado não temos capacidade de fazer o bem por nós mesmos, pois nossa vontade é escrava do pecado.
C. GOVERNO
Já vimos dois aspectos da providência: (1) preservação e (2) cooperação. O terceiro aspecto da providência diz que Deus tem um propósito em tudo o que faz no mundo, e providencialmente governa ou dirige todas as coisas a fim de que cumpram esses propósitos divinos. A Bíblia diz: “O SENHOR estabeleceu o seu trono nos céus, e como rei domina sobre tudo o que existe” (Sl 103.19; Dn 4.35; Rm 11.36; Fp 2.10-11). Nisso tudo existe o que chamamos de vontade revelada e vontade secreta de Deus.
D. OS DECRETOS DE DEUS
Os decretos de Deus significam que antes da criação do mundo, ele determinou realizar tudo o que acontece. Essa doutrina é semelhante à da providência, mas ela fala das decisões divinas anteriores à criação do mundo.
Davi disse: “... todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir” (Sl 139.16). Em Jó lemos: “Os dias do homem estão determinados; tu decretaste o número de seus meses e estabeleceste limites que ele não pode ultrapassar” (Jó 14.5). Nossa salvação foi determinada por Deus: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Ef 1.4).
É benéfico perceber os decretos de Deus, pois isso nos faz entender que Deus não fica tomando decisões repentinas nem fazendo atalhos. Como disse Albert Einstein: “Deus não joga dados”. Ele conhece tudo desde o começo, e fará toda a sua vontade. Isso aumenta nossa confiança nele, especialmente em circunstâncias difíceis.
E. A IMPORTÂNCIA DAS NOSSAS AÇÕES
Alguns menos avisados criticam a doutrina da providência dizendo que ela nos anula. Isso não é verdade. Deus sempre leva em conta nossas ações e nos criou com essa capacidade de escolha e decisão. O que não podemos é questioná-lo (Rm 9.19-20).
Uma entre outras provas que nossas ações têm importância, é o fato de nossas orações serem respondidas por Deus. A Bíblia mesma diz: “Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa” (Jo 16.24). “Não têm, porque não pedem” (Tg 4.2).
Devemos confiar em Deus, mas também devemos agir. Veja o que um soldado que confiava em Deus disse para outro: “Seja forte e lutemos com bravura pelo nosso povo e pelas cidades do nosso Deus. E que o SENHOR faça o que for de sua vontade” (2 Sm 10.12). A vontade soberana de Deus não ignora nossas ações: “Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” (2 Tm 2.10).
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